QUAL? "VIOLÊNCIA GERA VIOLÊNCIA".

Assisto faz meio século a violência e o desdobramento de seus fenômenos, como profissional da advocacia e da prestação jurisdicional penal, inclusive.

Cresceu assustadoramente, sem freios ou medidas, sob o manto da frouxidão das leis e do inercial movimento do Estado no combate, a violência. Estou vendo agora na TV o tiroteio que faz parar, nesse momento, a Avenida Brasil, grande via de escoamento do Rio de Janeiro. Isso acontece em todos os lugares. Não se sai mais de casa com a tranquilidade de poucos anos atrás.

Um calendário político-pagão pavimenta de ódio estrada máxima que traça e define todos os interesses do povo.

Mais da metade da população brasileira não concluiu o ensino médio, noticia hoje a mídia. Creio ser otimista o número. O despreparo e a insciência não afastam a mínima informação do que ocorre e ocorreu com a história que vivemos. Nem todos são inscientes em critérios avaliativos como se vê, no passeio solto aos ventos do dito popular “violência gera violência”.

O autor do homicídio tentado, com tipo especial definido em lei de segurança nacional, crime político, tem esse indiciamento vestibular sinalizado por profissionais.

Não estamos acompanhando nenhum desfecho inexorável de embates definitivos, mas ciclo de mutação ultimamente com pacifismo necessário nas grandes convocações da massa para sufrágio.

José Guilherme Merquior, notabilíssimo diplomata brasileiro, morto prematuramente, glória brasileira das letras, do alto de sua genialidade, em prefácio seu para o “Dicionário Crítico da Revolução Francesa” de François Furet e Mona Ozouf, lecionava:

“Já estamos distantes da revolução francesa e, mais que nunca, vivemos no mundo que ela nos abriu. Nasceu uma nova proximidade da distância. Os duzentos anos que separam de 1789 comportaram acontecimentos que é preciso novamente rememorar para estudá-la e compreendê-la ... Porque o olhar com que a encaramos encheu-se das perplexidades e das angústias do itinerário é que hoje, hoje em dia, interrogamos de outra forma a experiência democrática que ela inaugurou. A descoberta no século XX de uma forma inédita de despotismo não nos conduz de forma alguma a concluir que do Iluminismo a Gulag a consequência seja boa, nem mesmo que a democracia comporte de maneira necessária uma guinada no sentido da sociedade totalitária.”

José Guilherme antes mesmo de assistir à queda de ícones totalitários já sentia o temor de suas proximidades e advertia : “O que surpreende não é que alguns ainda detestem a revolução francesa; porém, mais que isso, que aqueles que declaram amá-la desconheçam sua força e seus efeitos.”

Na sua expressão “mais que isso” encerra-se um axioma, uma verdade que se constata a todo momento: os responsáveis pela condução dos momentos históricos não entendem, ainda, “A FORÇA E OS EFEITOS” desses marcos da conquista do homem.

Seja qual for a atuação nesse ou naquele setor social dessas responsabilidades, algumas ações fazem perigar a pacificação, fazem estremecer bases conquistadas e perenes, fazem desequilibrar certezas estabelecidas.

Estão diante de nós os fatos e desdobramentos da violência desmedida irresponsável daqueles que seriam os condutores políticos da nação, e lançaram frases como , “haverá sangue”, “existirão mortes”, e outras desse jaez, isto sim motiva e arma o braço dos que atentam contra a vida de quem formula projetos aceitos por parte expressiva da população para fazer cessar essa violência, e tentam calar com homicídio essa vontade, esses projetos que são nossos, com esse objetivo, enfim, sedimentar a liberdade que não temos mais, FAZER CESSAR A VIOLÊNCIA. E só com “Poder de Polícia” se enfrenta o crime, a violência.

Impende acabar essa mecânica de violência com o “Poder de Polícia” do Estado. Merecemos sempre mais, o que nunca se obteve, além de saúde, educação, a segurança mínima, a dignidade, raiz de todos esses direitos, como na abertura da Constituição garantida, sem que sejamos acossados pelo medo de sair de casa, principalmente de noite, transitar, ver nossos entes queridos estarem seguros.

Ninguém que foi esfaqueado pregou violência, como muitos primariamente fazem inverter posições, e assim afirmam, bem ao contrário o pretendido pelo “esfaqueado”, fazer com que forças do “Poder de Polícia”estatal combatam a violência, efetivamente, o que o Estado data muito não faz. E poder ter arma em sua habitação para defesa pessoal, sob condições legais. Esse o escopo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 11/09/2018
Reeditado em 11/09/2018
Código do texto: T6446018
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.