Pós- verdade
O que é a “pós-verdade”? Segundo o dicionário é aquilo: “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.
Pós-verdade é o que tem dado origem aos famosos “fake news”, em que as pessoas repassam informações como verdades absolutas sem nenhum tipo de filtro ou checagem anterior, destruindo vidas e reputações.
Essas notícias falsas alimentam o ódio nas redes sociais porque “verdade” é aquilo que acredito e que vai ao encontro das minhas crenças e convicções. Por outro lado, “mentira” é tudo que eu não concordo. Geralmente a disseminação e aceitação dessa rede de mentiras e intrigas ocorre por ignorância ou má-fé dos que as repassam. Uma vez introjetada nas redes sociais - mesmo sendo comprovada a mentira por fatos incontestáveis -, já não importa mais, pois com certeza faz parte de alguma teoria da conspiração.
O atual episódio de ataque ao candidato Bolsonaro mostrou isso claramente, pois em segundos, os assim chamados de “direita” e “esquerda” começaram a destilar ódio nas redes sociais com base em teorias da conspiração e verdades cerradas que contrariavam ,escancaradamente, os fatos mostrados. Mas, que fatos? O que me importa os fatos se eu acredito e quero acreditar que é do meu jeito? De repente, todos eram médicos, advogados, videntes e quiçá, enviados de Deus para acusar, condenar e matar.
A mediocridade da vida parece precisar de algo para dar-lhe sentido, é preciso acreditar que não existem banalidades ou verdades contrárias, que nada é o que parecer ser. Acredita-se que tudo está errado, mesmo se já provado historicamente: a terra não é plana, a lua não é um satélite e sim um planeta espião! Atualmente, se um candidato - seja de que partido for - morrer atacado por um tubarão, com certeza foi uma conspiração intergaláctica orquestrada por alienígena que não querem o bem do Brasil. É muito sem graça uma morte natural!
Vivemos do “autoengano”, acreditamos sermos melhores do que realmente somos e que haverá um “Salvador da Pátria”. É decepcionante aceitar que somos apenas pessoas induzidas a erros vivendo em “bolhas” que não nos permite enxergar além do que dizem nas redes sociais. A verdade dói porque nos coloca frente a frente com o fato de que somos – direita ou esquerda - as faces da mesma moeda: fantoches querendo ser protagonistas utilizando-se das mesmas armas.
Em momentos de comoção, o ódio é péssimo conselheiro. Famílias e amigos estão se destruindo por causa de divergências políticas. Enquanto isso, alguém lucra em construir falsas verdades – não é teoria da conspiração essa última afirmação.
Destrói-se aquilo pelo qual se acredita estar lutando - amor, família, amigos e o Brasil -, tudo se dizimando. Depois disso, será que ainda haverá um país? Uma nação? Vejo um gigante dividido em duas partes, uma tentando destruir a outra, e percebo que em breve ele sucumbirá, pois reino dividido cai.
Nada mais salutar que relembrar a frase do Papa João Paulo II ao falar dos diálogos com as outras religiões: “Vamos nos ater ao que nos une e não ao que nos separa”. Respeito, tolerância e empatia nunca são demais!
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