Doces Lembranças

DOCES LEMBRANÇAS

Passeavam pela Fenadoce, como fazem todos os anos, conferindo diferenças das edições anteriores e comentando que a área dos doces continuava linda, deliciosa e pitoresca.

Observaram que a parte comercial continuava sem muitas mudanças. Os artesanatos, sempre variados e cheios de novidades, concorriam com os produtos peruanos e bolivianos.

Ao passarem por determinado lugar encantaram-se com duas cadeiras antigas que decoravam o ambiente.

Estas cadeiras pertencem ao Clube Caixeiral – ele falou.

Como sabes? Ela duvidou.

- Lembro porque tirei foto com uma antiga namorada, sentados nas cadeiras, num baile no Caixeiral.

- Hum! Como que eu nunca vi?

- Bem, quando comecei a te namorar, rasguei o retrato, como se dizia na época.

- Que pena! Já faz mais de quarenta anos.

- Pois é, achei que ficarias brava se visses, mas durou pouco tempo.

Ela seguiu pelos corredores olhando o comércio, pois queria comprar um casaco de couro, mas com o pensamento nas cadeiras que tanto admirava.

Estava com ciúme, não do namorico, que isto já fazia muito tempo, mas dos móveis, com encosto alto, trabalhado, dignos dos antigos casarões da cidade, dos saraus, das músicas, dos poetas, das donzelas apaixonadas, tantos momentos românticos imaginados por ela – agora com outra protagonista?

Ah! Não estava certo, não podia aceitar.

Haviam lhe roubado um instante que gostaria de ter vivido. É certo que já passara muitas vezes pelas famosas cadeiras, mas nunca ousara sentar, embora estivessem disponíveis. Para ela eram peças de museu, um simples toque poderia mudar sua história.

Não estava contente, precisava fazer alguma coisa para recuperar o instante perdido.

Para ganhar tempo e pensar melhor, embrenhou-se em direção aos doces.

Após provar diversos tipos e sabores, sentiu-se recuperada e pronta para solucionar sua frustração antes de deixar o evento.

Logo ela, que não gostava de andar com máquina fotográfica, voltou, acomodou-se no objeto de desejo, fez pose e pediu para tirarem uma foto.

Agora, sim, sentia-se no reino da Princesa.

(autora mora na cidade de

Pelotas, denominada

Princesa do Sul).

Inalva Froes
Enviado por Inalva Froes em 06/09/2018
Código do texto: T6441422
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