Quase todos os dias, ao sair do escritório, pego um ônibus para voltar para casa. Geralmente entra um vendedor ou até dois ou três, em diferentes paradas. Todos chegam para oferecer seus produtos. Cada um tem um jeito especial para chamar a atenção dos passageiros. Já vi oferecerem balas (quase todos chupam), tesouras, kit para unhas, lapiseiras, canetas, cadernos e até um espremedor de limão, muito interessante, aliás. A destreza do vendedor me impressionou. Ele enfiava o tal apare-lhinho no limão, retirava o suco rapidamente e o colocava numa pequena jarra que trazia na bolsa. Em poucos minutos ele encheu a jarra de suco. Só faltava entrar um outro com a vodka e o açúcar, para fazer, daquela viagem, uma aventura bem mais interessante do que as freiadas bruscas do motorista. Ontem, no entanto, o vendedor era uma pessoa muito especial. Ele chegou com suas balas, muitos sacos, presos a um gancho. Pendurou-as e começou o seu discurso: meus amigos, eu trouxe aqui as deliciosas balas de leite, de coco, de café, de tangerina e de carambola. Todas em forma de coração. Compre para a senhora sua mãe, para as crianças, para o filho do vizinho ou para a mulher do próximo. Aceito tickets, vale transporte, cartão de crédito Visa, Mastercard e até dinheiro, se o senhor ou a senhora tiver. Vendo também em cinco vezes, dez centavos de entrada e mais quatro prestações. Quem não quiser comprar agora, poderá fazê-lo pela internet, no endereço www.bala.baleiro.com.br ou ainda pelo celular 9967-7070. Se estiver ocupado ‘’cê tenta, cê tenta...” É melhor você já levar um saquinho agora enquanto cê tenta, cê tenta.
Não pude deixar de admirar a criatividade daquele jovem, um talento perdido na multidão. Espero que, algum dia, ele encontre o seu verdadeiro lugar, um palco, onde possa fazer a sua apresentação e ganhar não só o aplauso do público como também uma boa remuneração por seu trabalho. Com um bom texto ele pode se tornar um grande ator.
Não pude deixar de admirar a criatividade daquele jovem, um talento perdido na multidão. Espero que, algum dia, ele encontre o seu verdadeiro lugar, um palco, onde possa fazer a sua apresentação e ganhar não só o aplauso do público como também uma boa remuneração por seu trabalho. Com um bom texto ele pode se tornar um grande ator.