Tudo está cinza
Um urubu observa pousado no alto de um poste entre a garoa fina do inverno, numa manhã de segunda-feira o movimento a se perder.
Tudo está cinza aos olhos das canetas e das mentes, numa proposital prova de perda de tempo aos braços dos latidos numa rua sem direção.
O reflexo é o voar solitário de uma garça entre vozes vazias do tempo molhado sem sentido algum.
O papel é invertido entre antenas parabólicas na imagem do pensamento, que na tangencial visão se repete no voar da garça solitária.
A profundidade do pensar queima a musicalidade das notas nos pneus a passar entre um bem-te-vi, que anuncia a manhã cinza de mais um dia.
Rodrigo Poeta
27-08-18