Computador Votaria Melhor do que Eu
Todos nós sabemos que ao citarmos computador estamos nos referindo à ciência da computação, que tem como base de seus processos decisórios os algoritmos.
Então, bons cientistas da computação poderiam desenvolver boa estrutura de dados, bons algoritmos e excelentes programas, tal como já fizeram para decisões sobre compra e venda de ações, sobre processos jurídicos, para as datas de lançamentos de satélites e naves espaciais, para decisão sobree escolha de rotas, ou atalhos no trânsito, para carros autônomos, para jogadas nas disputas de partidas de xadrez...
Os motivos que me levaram à conclusão: a ciência da computação votaria melhor do que eu; partiram da premissa que os algoritmos, a estrutura de dados relacionados aos comportamentos de cada candidato e aos desejos de cada eleitor, enfim as comparações entre as diversas alternativas seriam desenvolvidas com a excelência alcançada nas mais diversas decisões sobre, também, as mais diversas atividades.
Ou seja, certamente, o conjunto de excelentes cientistas e profissionais conseguiriam desenvolver processo decisório quase perfeito a partir de meus desejos. O computador, além de indicar desejos contraditórios e melhorar a qualidade de meus anseios, responderia quais os candidatos estariam com mais condições de realiza-los.
No máximo, poderia dar-me, para os casos de vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores, as melhores alternativas para escolha.
Além disso, essa escolha estaria livre daquilo que mais me fez decidir mal durante a vida de eleitor (viciado como nossa política). Escolha influenciada, praticamente determinada pela paixão. Paixão é vício, nos torna dependente e distorce profundamente a visão da realidade, levando-nos a espécie de cegueira.
Diria, por exemplo, que quero eleger candidatos que tenham o entendimento: são necessárias profundas reformas que inaugurem Nova República, pois essa república apodreceu e foi desgastada por política minúscula praticada com vícios (fisiologismo, patrimonialismo, corporativismo, cleptomania...), aparelhamento do Estado, ausência de projeto político, esmero em projetos amorais e até imorais de poder levando á disfunção de poderes e instituições da república.
Diria, ainda, que gostaria de eleger candidatos que saibam e tenham projeto, para que essas reformas sejam feitas sem a participação desses poderes e instituições falidas. Enfim, candidatos que realizassem o Brasil que queremos correspondente, pelo menos nas campanhas eleitorais, às promessas e nas afirmativas diárias dos anseios da grande maioria dos cidadãos.
Sentir-me-ia tremendamente decepcionado com essa delegação à ciência, para possibilitar-me decisão de excelência nas eleições se, em vez das alternativas com nome de candidatos, fosse me dada a seguinte resposta: “MUDA PARA A NORUEGA”.