LAVAR DEFUNTO
Segundo amigo que está há bom tempo no Japão, voltou em virtude do falecimento de parente. Retornará dentro de poucos dias. Trabalha num serviço não aceito por muitos. Mas pagam bem. Numa capital, morrem centenas diariamente. E lá obedecem certo ritual sagrado. Na funerária,num grande galpão, tiram toda a roupa do defunto, penduram-no como se frangos abatidos fossem num trilho e vão percorrendo certo perímetro onde são lavados com guinchos de água. No final, há pessoas que o tiram, secam e vestem-no geralmente de quimono. Após são encaminhados para o velório. E na segunda etapa, há a cerimônia da cremação.
Morrer no Japão custa uma fortuna. A começar pela cerimônia religiosa. O sacerdote budista exagera para recomendar a alma do falecido. Há o jeitinho brasileiro: ofício religioso é transmitido via internet. Você o sintoniza com um laptop. Ou mesmo recorre à outras igrejas.
Após a cremação, recolhe as cinzas e pedacinhos de ossos numa urna apropriada. Se não tiver mausoléu público onde depositar, guarda junto ao altar budista, denominado de Butsudan, que todos japoneses possuem no lar. Ou jogam no mar, como fazem alguns, a pedido do morto, em vida. Alguns colocam alguns ossinhos numa caixinha e doam aos amigos mais chegados, como recordação do falecido.