Eu sou um péssimo cabo eleitoral
Eu sou um péssimo cabo eleitoral
Olha que já tive oportunidades de lidar diretamente com políticas partidárias e campanhas eleitorais. Tem muito tempo. Na época das providências de meu amigo Adalardo, do Gurinhatã-MG. Lembro que orientava os candidatos a alinhavar os seus discursos com aquilo que eles acreditavam e prometerem muito, mas ressalvando que dependeria das condições futuras para a realização, para não parecer que estavam iludindo o eleitor com promessas vagas, mentiras. Não. O candidato tinha que acreditar que a promessa era boa para a comunidade, mas precisava alertar aquela mesma comunidade que precisariam outras ações, outras condições para a realização da promessa, que o mero desejo de todos. E nunca pedi votos para os candidatos aos quais orientava!
Sou péssimo cabo eleitoral porque nunca pedi voto para nenhum candidato. Nunca preguei adesivo, usei boné, camiseta de quem quer que seja. Recordo do voto declarado numa crônica de 2007, ao Zé do Rádio, naqueles tempos vislumbrava uma Usina de Álcool para Gurinhatã! Fora este, nunca declinei meu voto, nem para os amigos nos quais já votei, nem mesmo para minha esposa e filhas!
Porque tudo isto?
Por que o voto é secreto. Por mais que as conspirações imperem, no fundo no fundo, ninguém sabe em quem você votou. Vote em que você quiser. Estatística é outra coisa.
E por ser secreta, a eleição é momento para manifestação inconsciente, ou seja, oportunidade de manifestação livre da personalidade, em que o que está em jogo é aquilo que atende aos apelos primários da mente, que nem todo mundo sabe, mas o que atende aos apelos primários da mente, de todas as mentes, pobres e ricas, escolarizadas e analfabetas, jovens e velhas, machos e fêmeas, qualquer gênero, é o puro interesse!
E nada tem de pejorativo, o puro interesse é o modo de funcionamento da mente inconsciente, em que não estão presentes avaliação racional, julgamento moral, preocupação ética, ordenação espaço-temporal.
A mente humana é puro interesse na hora de votar, inclusive a mente dos analistas econômicos, políticos e sociais, das lideranças partidárias, das celebridades!
O esforço civilizatório é procurar conciliar o puro interesse com o interesse da comunidade.
Mas isto é outra conversa... para daqui algumas gerações!!!