Down Under – Lá em Cima*
Numa mesa de bar – desses frequentados por universitários, à noite – uma moça, de lingerie, em pé e muito agitada, cantava Down Under, do Men At Work, enquanto seu público, formado em sua maioria por rapazes, batia palmas, sem tirar os olhos dela. Os caras que tocavam violão – dois – davam o tom alegre e vivo da graça daquela noite. Momento único: eram jovens felizes, bonitos, e com esperança num futuro promissor. Um público formado por acadêmicos de áreas como Comunicação Social, Medicina, Arquitetura, Letras, Filosofia, História, Direito, Jornalismo, enfim.
Só escrevo esta crônica porque me lembro, com saudade, daquela visão de mundo que me foi permitida ter ao longo daqueles oito minutos e meio. A moça, ainda que vestida apenas em trajes íntimos, sequer era tocada ou desrespeitada por ninguém ali. Realizava o trabalho de apenas dançar e cantar com vigor incomparável. A ponto de atrair a atenção de uma grande quantidade de transeuntes que passavam por ali naquele horário. E que assobiavam a canção – sem, no entanto, chegar a atrapalhar o andamento da mesma. De forma alguma.
Quantas saudades, Senhorita Dançarina Cantora. Que bom podermos cantar todos juntos canções como esta e revivermos este momento em outros ambientes assim, sem maldade, sem falta de respeito. Viver a arte musical, corporal (dança) e reviver esse momento de coração de estudante. Porque há vida – ainda. E porque “recordar é viver”.
Sim. E até sempre, meus amigos.
NOTA
* Escrita originalmente em meados de 2011.