A SELVA

Ontem à noite, fazendo um inocente zapping pelos canais da TVCabo, acabei por ficar no National Geografic.

Prendeu-me a imagem de um jovem jaguar, que enfraquecido por longos dias de fome, procurava caçar algo que o alimentasse e também salvasse o irmão, moribundo.

A custo, perseguiu um pequeno roedor, mas estava tão fraco que mesmo tendo-o apanhado, não teve mais forças e deixou-o fugir. Aí convenceu-se que tinha determinado a sentença de morte do irmão.

A imagem depois mudou para o jaguar moribundo, com dois chacais a curta distância, aguardando o desfecho final.

Não consegui aguentar a crueldade da cena e mudei de canal. Mas a vida é mesmo assim… mesmo na cadeia trófica dos predadores, os mais fortes alimentam-se dos mais fracos, dos doentes…

Na nossa atualidade também constatamos algo que por analogia é semelhante: os países mais ricos vivem da exploração dos países mais pobres, onde a fome domina e estes ficam cada vez mais miseráveis.

Milhões morrem na carência mais absoluta, sofrem com a falta de água e de comida, muitas vezes também com a ameaça latente da guerra. Enquanto isso, outros também acabam por morrer, mas por causas bem diferentes – alimentação desregrada e doenças daí decorrentes – são as moléstias do bem-estar…

Penso que perante tanta miséria, tanta dor e sofrimento, por vezes temos a sensação de que Deus se esqueceu completamente desses infortunados seres…

Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 29/08/2018
Reeditado em 29/08/2018
Código do texto: T6433192
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