A moça que tinha nome de rainha
Ela olhou para o relógio de parede que marcava quase 23hr:04.
Tentou pensar em qual nome ela usaria no dia de amanhã.
A batida daquele som do velho relógio ecoava em seus ouvidos e a transportava ao último episódio da sua vida barata.
“Não saberei responder a sua altura”. Pensou alto.
Não conseguiu organizar seus pensamentos desconexos que insistiam em criar situações chaves para manter seus fantasmas por perto.
Uma doce agonia em esperar por contatos frios e distantes. Seu novo vício.
Talvez encarar o cinismo alheio lhe impulsionava a incorporar papéis que na vida real não teria coragem. E aquela lista imensa de nomes que ela adotava para si era um convite quase que perfeito para encenar o mal que ela fingia escapar.
“Falsa! Cínica!!”. Gritou um de seus personagens.
Ela sabia que seu cinismo era sempre o seu coringa da sorte.
E com as cartas postas na mesa ela passava a dominar o jogo.
“As suas inspirações estão bloqueando minha mente criativa”. A outra personagem falou.
Por que será?
Ela bem sabia do monstro que estava prestes a criar.
E com mais alguns metros de corda, a outra deixou-se enforcar...