Há uma agonia dentro de mim que não se dilui...
Há uma agonia dentro de mim que não se dilui, não se vai com águas de março, nem de mês ou ano nenhum, nada ninguém consegue suprir. Não há culpados, nasci com falhas no sistema de transmissão da completude que todos atingem ao chegar numa certa idade. Olho para os lados, para cima, para abaixo, saio ou fico com o namorado ou converso, brigo, ou dou risadas com os filhos, dou aulas assisto aulas, estudo, faço academia, falo com amigos... Mas, de nada adianta, a aflição está lá impávida e colossal. Ela quase, canta-me um hino e me dá uma aliança para formalizar a nossa relação, a mais antiga que todas que tive. Dentro de mim, há uma espécie de corrosão destroçando tudo, feito às coisas expostas a maresia por muito tempo. Essa minha expiação milenar vai aniquilando tudo ao redor de mim, nem amigos, nem amores todos vão sendo amarfanhados por essa cratera que me consome aos poucos...