FRANCISCO, UM TRABALHADOR.

Francisco conheci num mutirão, enquanto todos conversamos ele trabalhava, uma formiga, não parava, pensei ao vê-lo, aí sim é um trabalhador. Depois passei a conhecer melhor o grande homem que era, ficou meu amigo. Certa vez me contou...

-- Fred, eu era motorista de uma grande empresa, vivia bem na medida do possível, tinha uma casa e minha família vivia bem. Era eu e minha mulher com dois filhos. Aí o país entrou em crise e a empresa fechou, de uma hora para outro fiquei desempregado, perdido no mundo, ao ponto de entrar em depressão, passava o dia em casa, trancado dentro do quarto, por vezes chorando escondido para minha mulher não vê. Certo dia, ela ao vê minha situação, falou....

--Francisco, você é um bom homem, trabalhador, não fique aí parado homem de Deus, faça alguma coisa...

-- o que vou fazer? Já procurei emprego em todos os cantos do mundo, e nada, nada mesmo. Falou Francisco

-- homem, faça alguma coisa, vá vender no sinal, levanta essa bunda aí e toma uma atitude, por amor de Deus. Falou sua mulher.

Aí Francisco passou dois dias pensando naquelas palavras da sua mulher, até que resolveu fazer o que ela tinha mandado fazer, vender coisas no sinal. Foi no centro e comprou uns bonés, colocou num cabide improvisado, e se mandou pro sinal. Ele tinha a maior vergonha no princípio de passar na rua dele com aqueles bonés, mais logo se acostumou, quando começou a vender os chapéus, com o tempo tava ganhando o que ganhava como motorista, logo depois diversificou e já ganhava mais do que como motorista. Tinha virado um camelô dos bons, tinha até cartão de crédito. A única coisa que ele achava ruim era a discriminação de algumas pessoas que por ali passava no sinal, principalmente parentes que não falavam com ele, pois ele sabia quem eram e conhecia seus carros. Ele não ligava para isso e quando um amigo falava com ele ele respondia com alegria e ainda oferecia algo. Voltou ao normal, até que um deputado que passava no sinal soube daquela história e convidou Francisco para trabalhar em sua campanha política, como motorista. Bem, daí foi um pulo, hoje ele trabalha na secretaria de segurança e é a pessoa de confiança do secretário de justiça. Hoje Francisco vive feliz, e trabalha com dedicação e amor.

FRANCISCO, UM TRABALHADOR.

FRED COELHO /2018