Um filme como reta de largada
Tati, A garota de Aníbal Machado, direção de Bruno Barreto, foi exibido na tela do Cine São José ( matinê, cinema da paróquia) em 1973. Filme inapropriado para crianças, embora exibisse a história de uma. Ninguém prestou atenção, foi uma algazarra total no cinema.
Contava 11 anos de idade, não me sentia mais criança e aquela bagunça toda me entristeceu, mas não foi apenas por isso que não prestei a menor atenção no filme. Sofria, família desfeita e tudo ajeitado para parecer asséptico, como se tudo fosse muito natural.
Bem antes da partida de minha mãe notava algo quebrando-se, irremediavelmente, sem que por isso tivesse a menor responsabilidade.
Naquele mesmo ano fui numa excursão da escola, creio que no Anhembi, não era ainda Bienal do Livro, mas havia livros em stands e atrações, como um labirinto, no qual fiquei preso por mais de 3 horas. Ao final, quando aguardava entrar no ônibus para voltar para São José dos Campos, tive vontade enorme de pegar alguma daquelas ruas de São Paulo e desaparecer para sempre, como quem não sabe nadar atira-se em corredeira com redemoinho.
Foi minha apresentação à Dona Depressão, nunca mais me recuperei.
A garota Tati queria encontrar o pai sem que o tivesse junto a si, eu queria o mesmo e meu pai não estava distante, assim como minha mãe e como um saco de cacarecos fui deixado com tias.