A hora do chimarrão

Quando caminhava pela rua paralela ao 15º Batalhão de Infantaria Motorizado, sentido centro da cidade, em Cruz das Armas, fui abordado por um antigo colega de trabalho que se dirigia de carro à casa de sua mãe.

De imediato, entabulamos uma conversa, como de costume acontece com pessoas conhecidas quando se encontram ocasionalmente. Falávamos sobre aqueles assuntos de praxe. Ele iria levar sua filha no carro dela para o norte do país, a fim de trabalhar como odontóloga naquela longínqua região.

Conversa vai, conversa vem, o carro dele dificultando um pouco o trânsito, pois havia parado em local inadequado quando se aproximou de mim. Percebi logo, através de sua conversa um tanto apressada, que ele tinha um compromisso, talvez muito importante e urgente.

Coincidentemente como se respondesse às minhas suspeitas, o celular dele começou a soar. De imediato, como se estivesse esperando aquela ligação, ele atendeu abrindo um largo sorriso e começou a falar de maneira carinhosa e mansa. Tratava-se de sua querida e amada mãe lembrando-o que se encontrava atrasado para a sagrada hora do chimarrão.

Foi quando ele me confidenciou que, religiosamente, todos os dias, naquela hora marcada, pois ela ficava preocupada quando ele se atrasava, ambos tomavam chimarrão (bebida tradicional do Rio Grande do Sul, à base de chá mate e água quente) e aproveitavam aqueles instantes de descontração para colocar a conversa familiar em dia.

Subitamente pediu desculpas pela pressa, disse que depois conversaríamos em outra ocasião, despediu-se e escancarando um sorriso de bom filho, arrancou com o carro em disparada em direção à casa materna e ao compromisso inadiável e prazeroso.

Fiquei acompanhando com o olhar aquele homem já feito, deixando em casa filhos e esposa, pois residia em outro bairro, numa demonstração exemplar de amor filial, indo honrar um compromisso feito de filho para mãe, de coração para coração.

Que felicidade suprema deve preencher o coração dessa mãe que soube ensinar esse legado de carinho, afeto e amor ao seu querido e amado filho!

Quão maravilhoso seria se todas as mães tivessem essa doação espontânea de um filho, tão carente nos nossos lares nos dias de hoje...

Washingtonluiz
Enviado por Washingtonluiz em 26/08/2018
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