Mindfulness ou atenção plena parece complicado?Calma! Existe um programa feito especialmente para nós que temos dor crônica. Sério, acabei de completar online e foi uma jornada incrível, através da dor e do sofrimento. O mais incrível disso tudo, é que estou muito mais forte e já não sinto tanto medo desse monstrinho de dentes e garras afiadas.
O desconhecido pode ser apavorante, mas nossa imaginação contribui bastante, algumas vezes o leão é apenas um gatinho tão assustado quanto nós mesmos.

Artrite reumatóide se assusta com quê?  No meu caso ela resistiu bravamente aos corticóides, imunossupressores, às todas as combinações possíveis. Agora está cedendo terreno ao biológico e imunossupressores, eles estão juntos brigando para impedir que ela avance. 
Infelizmente o que a ‘’monstrinha’’ entortou e corroeu , está irremediavelmente perdido. Mas podem ser substituídos caso seja necessário, próteses funcionam muito bem e são graças aos parafusos e hastes na coluna que estou caminhando.  

Onde mindfulness se encaixa nessa história? Em todas as vezes que me apavorei com as crises, achando que o biológico não estava fazendo efeito, porque tudo que eu  queria era entrar em remissão para ontem. Na forma como trabalhei o apego aos pensamentos que tinha que entrar em remissão,  e quando nada aconteceu, fiquei decepcionada e pensei em desistir.
Quando os exames mostraram a leucopenia, e achei que ia ter que parar o novo medicamento, sofri miseravelmente dias e dias até a data da consulta.  No final, ajustamos a dose do imunossupressor, prosseguimos com o tratamento e tudo se normalizou. Sofri com a expectativa, me deixei levar por pensamentos completamente fora da realidade.

As práticas são um treinamento para viver o momento presente tal como ele se apresenta, minha realidade era boa e promissora, mas meus pensamentos eram sempre pessimistas. Trabalhei e trabalho duro para compreender e me manter consciente.  
A grande ironia é que o imunossupressor que estou usando hoje, há alguns anos não fez o menor efeito, e foi um  desafio foi entrar nessa nova experiência com abertura e otimismo, torcendo para que agora associado com o biológico desse certo.

- Mindfulness, atenção plena, como é isso no dia a dia?

- Vamos lá. Estou praticando/treinando há algum tempo, tenho obtido bons resultados no convívio com a dor e a doença.  Se é fácil? Prefiro simples, muito tranquilo, e como tudo na vida, com um pouco de disciplina dá ótimos resultados.

Estou praticando mindfulness nas inúmeras vezes que não quero  levantar da cama para fazer fisioterapia, e as práticas me ajudaram a perceber com clareza a realidade: tudo está em constante mudança, o cansaço e  a dor também se alternam,  evoluem e regridem.

Pensamentos, sentimentos, sensações que são constantes, estão sempre surgindo  e desaparecendo , indo e vindo todo o tempo. Mindfulness é simplesmente perceber, se dar contas  sem reagir, sem se apegar ou evitar essas sensações. 
Aprender a conviver com o agradável e desagradável, com gentileza e cuidado, faz muita diferença no meu dia a dia.  Posso repousar agora e amanhã recomeçar, sem culpa e com mais disposição, posso ter uma vida mais produtiva e menos sofrida aceitando as coisas como são,  e não como eu gostaria que fossem.

Nada tem um caráter definitivo na dor e na doença, mesmo em uma autoimune que  não tem cura, é degenerativa,  apontada como uma das mais dolorosas, incompreendida por muitos, temida e odiada por uma grande maioria, cercada de mitos e mistérios infundados.



E os pensamentos vêm e vão, as sensações se alternam num crescente, as emoções fluem, fluem, fluem…  no ir e vir infinito como diz a letra da canção do Lulu Santos.
Simples assim.  
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 24/08/2018
Reeditado em 26/08/2018
Código do texto: T6428831
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