SERIEDADE.
Ninguém demoverá um homem sério de sua seriedade. Esse traço de personalidade tão rareado no Brasil é inequívoco em permanências de vida.
A seriedade não está longe da alegria nem afastada das mesas de riso e lazer, ao revés, são ampliados. Mas quem enverga seriedade reflete o gesto interior que carrega em suas missões em qualquer lugar que transite, principalmente nas atividades que exerce e na vida em geral.
O respeito é crédito que todos prestam à seriedade do homem sério. Nada de infantil, tolo, rodapé de atitudes ou posicionamentos chulos será irradiado ou visto na seriedade, nenhuma palavra vã ou rasteira, vulgar.
Quando menino com meu pai girando nas rodas da vida já percebia como tratavam meu pai. Um homem afável, querido, mas gigantescamente respeitado. Se aproximavam dele com respeito e muita reverência. Eu ficava admirando sua figura, principalmente nessa pouca idade, quando ele me levava e o ouvia falando de improviso em público, em solenidades, todos voltados para sua fala com enorme atenção.
Eu bebia não o que falava, ainda percebia pouco, mas via e ficava a imaginar a razão dessa magnetização das pessoas pelo que falava ensinando em figuras de retórica que mais tarde pude compreender.Fora um professor em toda sua vida; ouço até hoje. Era a figura transparente da seriedade que todos reverenciavam no que tinha como escola.
E um dia, quando fotógrafos estão ocupados com as fotos que tiram nas solenidades, procurando ângulos e momentos, muitos fotógrafos sempre, de mídias etc, pararam de fotografar, vi então que todos os convidados em posse no tribunal em que meu pai discursava, estavam como embriagados com sua fala, magnetizados, e os fotógrafos pararam para ouvir meu pai. Olhavam para ele, máquinas paradas. Isto me fez ficar surpreso. Algo de diferente ocorria. Nunca tinha visto aquilo.
Ouviam a seriedade!
Dom Antonio de Almeida Moraes, Arcepispo do Estado do Rio que celebrou meu casamento, por vontade de minha mulher, amicíssimo de meu pai, era conhecido como um dos maiores oradores sacros vistos nas tribunas do Vaticano, com diploma assim concedido em destaque em seu gabinete. Chamava meu pai de Mestre.
Guardo muitos jornais dessas épocas que ele arquivava, retratos e textos, e me destinou em pastas que denominou de “minha vida pública”.