AMIZADE E SOLIDÃO.

Perguntado que coisa era mais admirável entre mortais, respondeu o filósofo grego Aristipo, da escola cirenaica:

“UM HOMEM VIRTUOSO ENTRE OS MUITOS ESTRAGADOS”.

Sendo subjetivo o conhecimento, é percepção individual de cada ser humano. E as percepções não podem ser comparadas em geral entre todos os indivíduos. Elas são únicas, sensorialmente únicas.

É difícil mudar essa equação tão longeva. E esse “estragado” que reportou o pensador cerca as personalidades de inúmeros “estragos”. Entre eles dificultar a amizade e reduzir-se à solidão. A amizade traz luz e conhecimento. Não se pode pedir compreensão a quem não compreende, sabedoria aos que estão fechados para aprender, educação aos que não se educaram, civilidade a quem não se civilizou, e amizade a quem não pode ser amigo.

E os não virtuosos são levados à solidão, não a que faz crescer, como nos monges, mas a que leva à doença da alma e da mente. E ficam ausentes de amizade, necessidade humana.

Ficam insulados, fechados em suas teias, não só em partilhas pessoais, são os que se enredam em hábitos singulares, são invejosos, egoístas, traem a todos, não lhes compete valor que não seja em benefício próprio.

Muitos são incapazes para a vida civil, daí a postura, por desordens psíquicas, e por vezes interditados por seus familiares, quando é alto o grau da impossibilidade de convívio ou arbitrar a vontade, ou mesmo o Ministério Público o faz, mas nem sempre.

A irresponsabilidade tem graus diversos. Já vi nesse mundo chamado “internet” variantes de todas as espécies. Internautas amigos me pediram para escrever sobre essas personalidades, umas doentias que se manifestam pela inclinação ao suicídio, outras sem esse filão de insanidade, mas com fortes traços de irresponsabilidade pessoal e discernimento, o que demonstram com tranquilidade, os néscios sábios.

Tem sido noticiado o curso dessas patologias na internet, inclusive criminosas. Se doentes, escapariam da lei, não são responsáveis e tal situação é inferida de suas manifestações. Veja-se, jornalista simulou ser uma navegadora da WEB e disse querer se matar, pediu auxílio e muitos sugeriram vários meios e modos de conseguir seu intento, ninguém tentou demovê-la da ideia. Era o claro crime de induzimento ao suicídio.

Outros oferecem a própria cabeça ao cadafalso, confessando seus crimes, como ocorrido e noticiado recentemente, em captação de vontade com sedução para estelionato praticar. Dá-se com o responsável justamente o contrário, negar o crime, a autoria, é a tese majoritária.

A internet tem como um grande laboratório, loucos de todos os gêneros. Aqui, na vida em geral, não se caminha como na Suiça, nos rincões, protegido pelo “princípio da confiança”, pois se espera de quem convive um padrão de comportamento mínimo.

Mas é um grande anfiteatro a internet, onde há a “Amizade sem Rosto”, que auxilia a solidão dos que vivem enclausurados de alguma forma, limitados, como em artigo que fiz. Essa amizade pode também surgir e fortalecer a quem se sente só. Tenho amigo nessa condição. O artigo referido está no site.

Precisamos ver onde está a virtude, lhe dar curso, aumentar a rede de amizade de quem recepciona e troca interlocução que edifica, e é virtuoso. Para melhorar o mundo é uma grande forma de humanismo.

Quando alguém está longe da virtude, isto fica claro para quem a tem, os opostos avistando-se ficam mais claros. ”Extrema si tangunt”; os extremos se tocam.

São Bernardo, ensinava: “Uns sabem só para serem sabedores, e é soberba; outros sabem para serem sabidos, e é vanglória; outros para ganhar, e é avareza; outros para se edificar; e é prudência; outros finalmente para edificar o próximo, e é caridade”. Creio que muitos estacionem nas duas primeiras classes e poucos cheguem nas duas últimas.

O virtuoso, por todos os motivos, nunca será só, promove a amizade, é antes de tudo caridoso. Sabe entender, tem larga compreensão, auxilia o carente, distingue antes de confundir, recepciona antes de repelir, explica a quem tem limites de apreensão, resgata o imaginoso que cria mitos e lendas para si na casa da simplicidade que confunde, e caminha estrada afora nos braços da leveza distribuindo amor.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 24/08/2018
Reeditado em 24/08/2018
Código do texto: T6428610
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