ABISMO (BVIW)

Não sei há quanto tempo estava tudo esquisito. Meus pés não sentiam o chão, ou sentiam sim, mas um piso fofo e instável. A iluminação mais parecia uma aurora boreal, sem definição, ora verde, ora amarelo alaranjado. Não era o suficiente para iluminar o que havia em volta. Parecia que era um espaço aberto, num silêncio estranho. Sons que pareciam gritos dentro de um túnel. Eco assustador, mas sem imagens dá para considerar somente minha imaginação. Pensei que talvez se eu chamasse por alguém, se gritasse meu nome. Meu nome? Qual é o meu nome? O susto foi maior que a solidão! Eu tenho que ter um nome. Onde estou? Quem eu sou? O desespero serviu para ficar mais desorientada e ansiosa do que para ajudar a me posicionar em busca de uma solução. Sou uma pessoa que sempre se considerou lógica e de pés no chão. Agora isto? Correr para onde sem visão de espaço. Estou no meio do nada, perdida e sem salvação. O suor escorria pelo corpo e rosto a tal ponto que acordei molhada em meus lençóis. Passei o resto da noite sentada na cama com medo de voltar a dormir.

Tema: Perdida

Ana Toledo
Enviado por Ana Toledo em 22/08/2018
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