PICADINHOS EXISTENCIALISTAS - PARTE V
RAINHAS DESDE EVA - Representante mor - SIMONE DE BEAUVOIR
1 --- AUTOBIOGRAFIA E/EM TRABALHOS LITERÁRIOS - "Memórias de uma moça bem comportada", autobiografia de uma mulher audaciosa que questionou as tradições eternas em que foi educada, o conformismo de ter nascido m u l h e r: no livro, riqueza das experiências pessoais, conflito das gerações e mudanças de valores após duas grandes guerras. Mocinha rebelde de boa família deixa de existir em 1929, pouco depois de ingressar, após concurso brilhante, na chamada Agregação da Universidade Sorbonne, juntamente com três colegas de licenciatura em filosofia, incluindo JEAN-PAUL DE SARTRE. A jovem professora deu aulas em Marselha, Rouen e depois Paris, grande intelectualidade, inconformismo, insubmissão e personalidade forte no embate com o "bom-mocismo" burguês. Abominava o casamento, preferia a liberdade à maternidade, recusava qualquer privilégio por ser mulher... Abandonou o magistério em 1943 e publicou "A convidada", estória um tanto indigesta até para liberais pensantes. Cúmplices conjugais de 1937 até 1980, com SARTRE um casamento sem matrimônio, obrigação sobre pacto de fidelidade conjugal (mesmo tendo amantes 'por fora') e sem morarem juntos. Juntos, porém, na coragem contra o domínio nazista na França e seus colaboracionistas. Tanto batalhou, que SIMONE virou a principal figura do pensamento feminista moderno, exemplo de corage sem a qual nenhum oprimido liberta-se. Professora de filosofia, falecida em Paris aos 78 anos, deixou-nos 21 trabalhos questionadores, entre romances, novelas autobiográficas e estudos filosóficos. O mais conhecido trabalho é "O segundo sexo" (1949), de onde vem a célebre afirmação, frase teórica para a emancipação feminina: "NÃO SE NASCE MULHER, TORNA-SE". Por piada, às vezes se deixava fotografar cercada de livros, usando sandália feminina e saia, porém tendo ao pescoço uma gravata em estilo feminino.
2 --- FEMINISTA - Em 1994, a feminista ROSE MARIE MURARO escreveu que SIMONE era o KARL MARX das mulheres - o primeiro pensador que definiu os operários do ponto de vista deles e a primeira ensaísta que explicou a condição das mulheres sob o ponto de vista destas. Em "O segundo sexo", horizonte ideológico, o primeiro grosso volume - segundo em 1950 - estarreceu o mundo com uma visão por demais clarividente do papel vivido pelas mulheres, através da História, de práticas sociais, do hábito sexual e amoroso, da divisão do trabalho etc.: espelho nítido e dimensional até então jamais defrontados pela chamada 'civilização' ocidental. Não roubar o poder dos homens e sim destruir a ideia de dominação.
3 --- NO TEATRO - Originalmente, FERNANDA MONTENEGRO dividiria a cena com o grande amigo SÉRGIO BRITO, com quem não trabalhou desde 1970, porém ele às voltas com textos de SAMUEL BECKETT. No bom senso, não poderia largar tudo e seguir a caravana mambembe... Como parte da programação do Ano da França no Brasil, 2009, excursão cultural em visita a cidades da Baixada Fluminense e da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, entrada franca: às terças e quartas, junto às comunidades o texto "Caminhos da liberdade" (reunião de cartas e textos, trabalho de quase 150 páginas), sobre a figura e o pensamento filosófico de SIMONE DE BEAUVOIR - documentários, palestras e debates sob a responsabilidade de ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA; de quinta a domingo, a atriz FERNANDA MONTENEGRO /extraordinária experiencia estética, intelectual e emocional/ apresenta "Viver sem tempos mortos", dos escritos da autora francesa: retrato coerente de vida e carreira, que vai da ruptura familiar à ligação permanente com SARTRE (aventuras transitórias não marcantes). Monólogo, dramaturgia em primeira pessoa, depoimento orgulhosamente confessional, claros sentimntos-ideias-fatos, no palco somente uma cadeira, luz vinda do alto - uma mulher mostra verdade, alegrias e dores, amizade, amor ao livros, envelhecimento e morte, enfim, o pulsar da vida. Sua frase-chave: "NÃO SE NASCE MULHER, TORNA-SE." Outras frases complementares: "A Humanidade émasculina. O homem é o centro, é o absoluto. Somos colonizadas por dentro." "O amor não é uma posse. O essencial era a verdade. Ele (SARTRE apelidado de "Baixinho") era um homem gigante dos homens que conheci." Sobre o fim da vida sexual entre eles: "Ele sempre me dizia muito mais um masturbador de mulheres do que somente um copulador." Ao recebê-lo de férias, SIMONE sugere uma volta ao campo, ele respondeu alergia à clorofila... Frases agora de FERNANDA: "Não sou expert em SIMONE, mas li... Venho de uma família de trabalhadores. Aprendi que a gente tem deser independente economicamente para ter odireito de ser o que se quer ser."
4 --- CITAÇÃO E NARRAÇÃO EM LIVROS - 1-"Cartas de amor de mulheres famosas", da escritora alemã berlinense PETRA MULLER. Uma cientista alemã, uma atriz norte-americana e outra sueca, uma repórter de guerra, uma pintora mexicana e uma filósofa francesa. O que havia de comum entre elas? A autoria de cartas de amor. Numa cena do seriado "Sex and the city", uma personagem feminina lê, de um livro fictício, cartas de amor de homens famosos, o mundo inteiro correndo ás livrarias, daí a inspiração de Petra. A diferença no estilo é as mulheres sempre interessadas em consolidar a ligação. SIMONE DE BEAUVOIR vivia para a literatura, a filosofia, a emancipação da mulher e para JEAN-PAUL DE SARTRE. Acontece que, em 1947, durante uma viagem aos Estados Unidos, conheceu NELSON ALGREN, ao contrário de SARTRE que a via como... intelectual. Alguém a viu apenas como mulher, paixãoo imediata: "Mas eu mereço o teu amor, se não estou disposta a te dar a minha vida?" - ela escreveu. // 2-"Beauvoir apaixonada", da escritora e historiadora francesa IRÈNE FRAIN, conta a estória de amor entre SIMONE, uma das maiores intelectuais da História e símbolo do feminismo do século XX, e NELSON, escritor norte-americano.
5 --- CINEBIOGRAFIA - "Violette", da escritora VIOLETTE LEDUC - Trajetória da mulher que se relaionou com a emblemática escritora SIMONE DE BEAUVOIR.
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LEIAM meus trabalhos "Existencialismo" e "Vive la France".
FONTES:
"Simone de Beauvoir não nasceu mulher" - Recorte de jornalnão identificado // "A bênção, Baixada" - "Uma mulher mostra a sua verdade" - "Escrita sentimental" - Rio jornal O GLOBO, 5 e 18/4/09 e 20/11/10 // "Porta-voz do feminino" e "Paixão à francesa" - SP, revista MARIE CLAIRE, nov./11 e maio/13 // "Cinebiografia traça a trajetória da escritora francesa transgressoa" - Rio, revista O GLOBO, 4/1/15.
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