A linha e o trem

Sobre a linha passa o trem, com um monte de vagões carregado de minério. É nesta linha que faço a minha caminhada, por volta das dezesseis horas, até lá pras seis. Geralmente nas segundas, na terça tenho oficina de teatro, quartas e quintas. Vou, à pé. Alguns vão de carro ou de moto, até o inicio da linha. Vou até a boca do túnel,às vezes o ultrapasso, para beber água da mina. Água mineral. Às vezes levo a câmera e tiro fotos. Filmei o trem uma vez. Às vezes encontro com o Afrânio. Às vezes o Vilmar passa de carro, sem acelerar, para não levantar poeira e prejudicar os andarilhos. O Vilmar é educado. Assusto quando ele passeia com um pitt-bul. A Luana, às vezes também coincide de eu vê-la. Agora de moto, antes numa bicicleta. Tive alguns parceiros e parceiras de caminhada. Mais parceiras. Parentes, amigos e amigas que me visitam, geralmente eu os levo pra caminhar na linha [Não podendo acomodador a todos em minha casa, sugiro a pousada de Neusa Vale]. Meu filho, Fernando teve medo de entrar na mina d'água. Mas entrou, com o Raul. Vi umas três vezes um homem correndo, com um aparelho de medir batimento cardíaco. Uma amiga de caminhada me disse que era o Olímpio. Costumo, digo, costumava me encontrar com o Camilo. Uma vez tive a impressão duma jovem, que caminhava sozinha, ficar assustada comigo. Será que sou tão feio assim? O Ângelo, teve um período, que a gente sempre se via na caminhada. Nos últimos dois meses, tenho caminhado no campo de futebol. Então falo de acontecimentos daí pra trás. Me lembro também de ver o Fúvio , antes de ele ser prefeito, e a Eliane, antes tornar-se primeira dama. Tinha um moço, que conheço de vista, caminhava, não, corria ao lado de um cão. Pastor alemão, se não me engano. Até bati um papo com o cão e o seu dono. Durante a caminhada é comum ver o trem carregado de minério, passar apitando. Em sinal de alerta e cumprimento. Como disse lá atrás, fiz um vídeo. Um monte de vagões lotado de minério. Cheguei a contar mais de cento e tantos. Ah, ia me esquecendo do Irineu da Dona Adélia. Sempre o convido pra caminhar, mas ele sempre adia. É divertido caminhar na linha do trem. Gosto muito de ir pelo caminho da pinguela sobre o ribeirão. Mosquito? Não sei. Tirei uma foto pendurado, como se estivesse caindo lá do alto. Não pode ser eu quem tirou a foto. Não me lembro quem foi esta pessoa generosa. Umas duas vezes, passando pelo caminho do Engenho Século XVIII, encontrei o Joaquim. O Grilo, lá do Geno, que vez em quando encontramos no campo de futebol, onde caminho atualmente, tem a mania de me chamar de Joaquim.

A história tá muito esticada, preciso finalizar e para isso, gostaria que os xavierenses, principalmente, me respondessem: para onde vai tanto minério? Passa, também, com fios máquinas, bobinas e tubos de aço, além de cimento. Mas bonito mesmo são as árvores e os pássaros, gaviões, maritacas, uns pequeninos. E ter atenção com a cascavel. Eu vi uma esticada, tomando um banho de sol. Linda. Tem muitas histórias sobre a linha do trem. Que também é ponto de encontro de amores norteados e desnorteados. O povo fala demais.

Engraçado, lembrei de uma coisa: nunca vi ninguém da área de saúde na caminhada na linha do trem. Logo eles, que vivem dizendo pra gente, que caminhar faz bem pra saúde. Esquisito, né?

Agora, pra terminar mesmo, pra onde vai o trem e a linha, com tanto minério nas costas?