UM TANTO MACABRA
Professor de pequena escola, só quatro classes do antigo primário e duas do ginasial, na pequena Capituva. Vivia azucrinando certa colega, solteirona, já cheia de complexos ,com apelidos que ele tirava não sei de onde, ou simplesmente inventava ridicularizando-a. Escrevia e colava no quadro negro da sala de professores. Não dizia o nome. Mas todos sabiam a quem ele se referia. E a colega ficava furiosa ante as risadas dos demais.
Como a brincadeira já estava passando dos limites, sugeri à Diretora – lecionava Português, na época – que admoestasse o citado professor. Ela o fez, mas não surgiu efeito. Na época, como quartanista de Direito, possuía a carteira de Solicitador da OAB e como na cidade não havia advogado atuava como dativo, quando nomeado. Assim , aconselhei a professora ofendida a apresentar queixa de injúria contra o colega. A autoridade policial convocou ambos e alertou o ofensor que se fizesse mais uma só gozação à colega, ele abriria inquérito.
Mas decorrido certo tempo, apareceu na lousa da sala dos professores, enorme lista com palavras chulas, ofensivas, como caipira, feia, moleca, masculina etc. etc.
O dito professor estava à mesa corrigindo provas, ela aproximou-se em silêncio e cravou um compasso na jugular dele. Cidade pequena sem pronto-socorro, ele veio a óbito.
Afastou-se do serviço alguns meses, respondeu ao processo em liberdade. Foi ao Júri e absolvida por unanimidade. Pediu transferência da escola. Aonde anda, eu não sei...