MAQUIAGEM
Até os trinta nunca dei a mínima para maquiagem. Bem que avisaram que todos os efeitos de exposição ao sol na juventude, as inúmeras noites mal dormidas, os hormônios desarmonizados e o estresse – como não mencioná-lo – seriam bons motivos pra se recorrer ao corretivo, pó compacto e ao indispensável filtro solar. Cresci vendo minha mãe e minhas tias sempre de batom e rouge, mesmo em casa, lavando, passando, cozinhando, cuidando de filho, vai que chega um desavisado não é mesmo?
Achava, até então, exagero me preocupar com isso. Pra que, afinal, se estou em casa? Maquiagem é para faculdade, igreja, trabalho, happy hour... assim pensava. Hoje, depois de amadurecer e, sobretudo, observar, percebo a importância de me cuidar – cuidar é a palavra – antes de fazer isso por qualquer outra pessoa.
E um batom, minha filha, já dizia minha tia Laura, levanta a autoestima, se acordou feliz, passe batom, tá ‘jururu’ coloca logo um vermelho... tia Laura, inclusive, fez a gente prometer que chegaria ao céu maquiada e escovada. E assim fizemos, embora num momento triste, nossa estimada tia produzida para sua despedida.
Hoje a maquiagem é parte da minha vida. Não por causa de qualquer exigência social. Mas porque entendi, na convivência com essas e outras mulheres vaidosas e sábias, o quanto é importante gostarmos da nossa imagem, de quem somos diante do espelho – por fora e por dentro – independente da opinião das pessoas.