DESCULPE-ME, EU ERREI!

Enquanto conversávamos com um colega de profissão, ele nos contava que certo dia estava no trânsito da cidade na direção de seu veículo, quando por um momento realizou uma manobra e do seu lado, eis que um motorista se volta à ele e profere diversas palavras de baixo calão, como se quisesse depreciá-lo em razão daquela infeliz manobra. Nosso colega, que para esse contexto vou chama-lo de Carlos, realizou uma análise breve do que tivera feito e compreendera que teria se equivocado na direção do seu automóvel. Então de forma imediata e em questão de segundos, se voltou ao motorista zangado, olhou para ele e disse: “meu amigo, peço desculpas pelo que fiz”, realmente eu compreendo que errei. Os dois motoristas estavam naquele momento no interior de seus veículos. Não houve maiores problemas ou prejuízos. Deveras Carlos entrou com o carro equivocadamente em uma via não permitida. Mas logo reconheceu sua falha e pediu desculpas pelo que havia feito.

Durante o diálogo discorríamos a respeito de como o modo de se postar perante uma situação pode modificar todo um contexto. Pois ali tínhamos um motorista exaltado e outro que houvera errado uma manobra ao dirigir o outro carro. Por outro lado, verificamos que o ato posterior de Carlos ter reconhecido seu deslize parece ter causado estranheza ao outro motorista envolvido. De certo o ser humano por muitas vezes, deseja ainda que inconscientemente, ter invariável razão em suas condutas e decisões. Bem sabemos todos que muitos de nós não aceitamos ser contraditos. Alguns até causam um estardalhaço caso alguém não concorde com suas ideias e disposições. Pois bem, nesse caso que acabamos de contar, verificamos condutas equivocadas, mas também aflorou-se um comportamento que de certa forma abrandou as fagulhas de fogo que estavam para se incendiarem. Inferimos que mesmo estando naquele momento de tensão, Carlos ao intuir sua inadvertência, agiu com inteligência ao admitir seu desacerto e num gesto humano soube se retratar pelo o que acabara de fazer.

Vale dizer que nestes dias tão quentes, corridos e intensos muitos de nós estamos bastante acostumados a esquadrinhar pretexto para tudo. Ademais estamos predispostos por vezes ao orgulho insensato. Ao passo que quando nos deparamos com situações como essas em que alguém, diante de um atropelo, reconhece sua imprecisão, isso se torna algo raro, nobre e um gesto de sabedoria. É relevante lembrar que a despeito de alguns desavisados até ponderarem que agir assim pode ser interpretado como um gesto de fraqueza, constatamos que em situações diárias, quando temos a coragem, a sinceridade no reconhecimento de um ato falho, acabamos por evitar um mal maior, por propagar a paz. E também porque não dizer, que em acenos assim, sem tocarmos fisicamente no outro, “o desarmamos totalmente”. Ademais quando isso ocorre, há realmente um retorcimento de todo um quadro de tensão que estava em ascendência e que de imediato ao ser proferida a expressão: “por favor, me desculpe, compreendo que errei”, há verdadeiramente uma transformação do ambiente, de um estado de espírito exaltado para um estado mais pacífico e contrabalançado. Portanto pedir perdão é um ato de maturidade, uma expressão de grandeza, sabedoria e inteligência perante os reveses da vida.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 19/08/2018
Código do texto: T6423723
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