Sharp Objects: Cherry (ep.6)
Hoje não houve oferta zelosa de chá, não houve pergunta sobre trabalho, nem atenção cortês. Eu estava tão ansiosa, esperava roendo as parcas unhas, que ainda compartilhavam da presença residual de um velho esmalte.
Cada sentido seu é afiado, como os de um felino à aproximação distante de um veterano cão de caça. Portanto, é preciso guardar certa distância. As barreiras devem permanecer em seu lugar. Trata-se de uma imperiosa esfinge. Só a pronúncia causa arrepios na espinha. Na alma.
Mas de qualquer modo, isso tornou-se um escape, uma busca de colisão percorrendo a estrada de tijolos amarelos até alcançar aquilo que deseja. E ao final percebe-se que não deseja nada. Que é apenas uma forma de recusar-se a desmoronar, é como se fosse a líder dos escoteiros ou a madre superiora, presos num ciclo vicioso, de trevas e obsessão. Talvez, John Constantine pudesse ajudar.
E chegará, possivelmente, o dia (ou a noite) em que precisará deixar as fileiras da multidão e marchar ao som da própria melodia. Soturna, mórbida e darkness, feito a cereja do bolo, tocando lindamente seu cello.