NOSSOS ÍDOLOS.

Estão aí os ídolos, muitos conhecidos, bem como desconhecidos, outros celebrizados, ou de poucos, as vezes de uma só pessoa.

Existem os notáveis históricos, marcando épocas, alguns como Khalil Gibran em “ O Profeta”, obra das mais vendidas no mundo, levando uma centena de anos para abrigar multidões que veneram seus pensamento. Sou um deles.

Ídolos que protagonizaram o bem, mas ídolos existem também, de variados grupos, que são do mal. Quem idolatra está sempre atento ao que faz ou fez seu ídolo, permanentemente, é uma vida de entrega, febril. Vigília constante.

Francis Bacon, que teria escrito uma parte da obra de Shakespeare, assim debatido pela forte controvérsia que até hoje se estabelece, "Controversy/Shakespeare", em alentada literatura, circunscreveu os quatro ídolos da mente. Se processam entre admiração e/ou temor, angariam senso crítico negativo ou positivo, naquele um misto de reverência, neste temor e admiração.

Existe uma bipolaridade química anímica no enfoque do ídolo, metabolismo de um fanatismo confessado ou não, que se nutre pelo ídolo, por vezes ensombrado, recôndito, que é alvo de tudo que se faz ou motivo de posicionamentos, e resulta nessa conformidade de projeção. Uma simbiose que passa a fazer parte da vida do idólatra. Nada é mais sem esse norte.

Passa-se a viver em razão do ídolo e suas atividades. Nada escapa do que o ídolo fez ou ainda faz. É inexorável.

Entre os grupos de ídolos divididos por Bacon - da Tribo, da Caverna, do Teatro e do Foro - insere-se o intercurso da associação recíproca mesclada pelos indivíduos do gênero humano nos chamados "Ídolos do Foro", diante do congresso e consórcio entre os homens.

Os homens se congregam por força dos grupos sociais graças aos discursos, retóricas, obras todas, e enfim, ideias postas na mesa das convenções através de seus dons.

Por vezes as palavras bloqueiam espantosamente o intelecto. Nem as definições, nem explicações mais cuidadas com especialidade e mesmo preciosismo, visando com que os homens doutos ou não colham proveito, conseguem esse desígnio. Em certos domínios, científicos, restituem as coisas ao seu lugar, voltam ao “statu quo ante”. Mas não se vive em cercados científicos, bem ao revés. Nos menos aparelhados, mesmo os ídolos de monta e nota, não alcançam consolidar mais proveito, por suas obras e ideias, nas vidas de idólatras cunhadas em desídias cultivadas ou histórias de ancestralidade menor. A patologia assim indica. É fato, é visível.

Ao contrário, muitas vezes, as palavras forçam o intelecto e o perturbam por completo. Dá-se a bipolaridade. E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias pessoais, conflitos com o próprio interior, e fantasias.

A motivação são seus ídolos. Passam a viver em torno da figura idolatrada. O que fazem, o que pensam, seus ideais, suas obras, suas vidas.

Mas ídolos são ídolos, uma vez idolatrados, mitificados, estão lá, para serem razão da visão daqueles que marcou profundamente.

Bom seria que sempre fosse possível para harmonizar, fazer compreender o mundo, suas sequências naturais, sendo bons ídolos. Mas não é assim.

Persiste e sobreleva destacar, que serão sempre considerados ídolos, e praticamente em genuflexo vivem os idólatras para seus ídolos, mas pouco é assimilado para crescimento.

Existem ídolos por vezes conhecidos em pequenos “fóruns”, as vezes por um só idólatra, necessitado de um guia mais próximo, pilar para sua necessidade de conforto espiritual e abrigo, carências enfim de toda uma vida. Mas nem sempre vivifica a necessidade de quem idolatra.

Quantos ídolos foram nesses patamares colocados? Célebres, anônimos, mártires, déspotas, insanos, messiânicos verdadeiros ou falsos. Quantos ídolos foram mortos por seus idólatras? Amor e ódio, "extrema si tangunt", os extremos se tocam.

Em nossos dias isso é uma verdade intransponível. É preciso cautela com os impulsos. Há sempre um salvacionista a espreitar.

Devemos ter cuidado com ídolos salvacionistas, como é de padrão na América Latina faz tempo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 16/08/2018
Reeditado em 20/08/2018
Código do texto: T6420612
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