A repórter frustrada.
Ela vivia na janela.
“Sabia tudo” que na rua acontecia e disso fazia notícia de “primeira mão”.
Com a atenção sempre voltada pra além da esquadria de alumínio, o que lhe restava era o vazio.
A televisão era sua segunda janela. E de tanto olhá-las um dia sentiu saudade de si mesma.
Assustou-se ao ver-se refletida no espelho que por anos manteve coberto. Por uns dias o adotou como nova janela e foi ao fechar os olhos que percebeu quanto tempo perdeu interessada na vida alheia.
Um dia, de dentro de si veio o conselho libertador:
_ Saia da janela, se arrisca viver a sua história. Talvez seja bem mais divertida!