CAFÉ COM POESIA
Era uma manhã de domingo, dia dos pais, o sol brilhava radiante. Cheguei às 07h00 para tomar meu café matinal, no mesmo local de sempre, na Cafeteria Pernambucana. Sentei-me em uma mesa bem de frente ao balcão dos bolos, tortas, diversos tipos de doces e salgados, sendo hipertensa, nem pensei em provar de nada. Abri tranquilamente meu livro de poesias e dei asas à minha imaginação; como o meu pai já não fazia parte desse plano físico, não estava preocupada com o horário, iria aproveitar meu dia de domingo e contemplar gente passante; queria admirar o entrar e sair das pessoas, com suas histórias de vida. Um fato me chamou atenção! Um senhor de aproximadamente setenta anos de idade, entrou sozinho e sentou-se em uma mesa ao lado da minha, ele tinha o semblante entristecido, cabelos grisalhos, como capuchos de algodão, parecia até que estava chorando, ficou ali quedado, cabisbaixo. Fiquei muito emocionada com àquela cena, pois o senhor era mais um solitário nos cafés da vida. Observei que a Cafeteria se encontrava muito cheia, já não havia mesa vazia para os clientes. De repente, entra um casal com uma criancinha de quase cinco anos, provavelmente a filhinha deles, seria um café em comemoração ao dia dos pais. O casal observou que o recinto estava lotado, eles já estavam indo embora, quando a garotinha solta a mão do pai e sai correndo em direção à mesa daquele senhor de olhar triste. Rapidamente, a mãe assustada corre para buscar sua filhinha, mas o senhor se levanta e oferece a mesa para eles, já que a Cafeteria estava superlotada. Supreendentemente, a menininha afasta a cadeira, segura a mão enrugada daquele senhor e pede para ele se sentar. O pai da garotinha solicita ao atendente uma torta de chocolate e café com leite para quatro pessoas. Eu já não sabia quem estava mais feliz, se era o senhor solitário ou a bela garotinha, foram muitos sorrisos, gargalhadas e demoradas conversas. Enquanto eles sorriam, eu chorava, mas era um choro de realização. Eles partiram o bolo e, a menininha deu o primeiro pedaço para o senhor que agora já não estava mais triste, todos estavam felizes, aproveitando aquele momento de interação.
Algumas horas depois o senhor se levantou, agradeceu pela companhia, deu um beijo demorado na face angelical daquela criança e foi caminhando sozinho, porém o seu semblante estava iluminado pela felicidade, ele parecia até sorrir. Parou por um instante, deu feliz dia dos pais ao porteiro e saiu transbordando de alegria. Levantei-me, paguei a conta e fui caminhar pelo calçadão.
Elisabete Leite – 12.08.2018
Um Feliz Dia dos Pais e Café com Poesia!
(Homenagem a todos os Pais, em especial aos meus irmãos Toinho, Jorge e a mim que sou Pai e Mãe das minhas filhas.)