Existo, logo penso. Será?

Hoje leio em milhares de expressões do pensamento humano o termo “empoderamento”, entre alguns dos principais sinônimos que encontro para o termo está: dar poder, conceder poder, dar autoridade, investir autoridade, dar autonomia, habilitar, desenvolver capacidades, promover, promover influência, afirmação, entre outros, enfim é o conceito que modernamente se utiliza nas lutas das minorias, quando em luta pela igualdade de direitos.

Uma das maiores lutas nos nossos tempos é a luta por direitos igualitários das mulheres do mundo inteiro, o que demonstra que transcorreu um excessivo tempo de domínio e estamos conquistando voz para buscar um lugar ao sol nesta sociedade injusta, que sob meu olhar, é a cada dia mais violenta e desigual em todos os segmentos, tal é o nível de barbárie em que estamos imersos todos os seres desta natureza que nos abarca.

Temos uma alma humana que com o passar dos milênios nos tornou “sapiens” frente uma povoação que segue junto a nós numa evolução que nos diferenciou por um intelecto mais dotado, mais desenvolvido. Dotou-nos do pensamento científico que nos deu a roda, o fogo e todos os engenhos capazes de melhorar a qualidade de vida material no planeta. Porém, aí vem o porém, algo se perdeu no meio desta revolução pela aquisição de conhecimentos e bens materiais. Vejo-me muitas vezes buscando este elo perdido, neste amontoado de séculos e depois de muito pensar a partícula que me resta não é material. É imaterial e do tamanho de um abraço, o sentimento, o que chamamos costumeiramente de amor e que de maneira geral não entendemos o que é.

Uma das frases muito repetida me faz pensar que, em realidade não conseguimos dar o verdadeiro poder a este “empoderamento”: “Sou dona ou dono de mim, se eu fiz é porque estava a fim.” Entendo aqui que, quem a formulou ou a proferiu quis dizer-se alguém com poder, capaz de decidir seu destino, seu rumo. Suponho também, que é alguém que possua tal poder e tenha conhecimento sobre o que este lhe favorece e oportuniza e logo conhecimento sobre as consequências do uso deste. Certo? Tipo: poder adquirido, poder usado, consequências assumidas.

Bem, então vejamos o que se discute sobre o aborto hoje, e lá vem a tal frase em questão em diferentes idiomas buscando justificar a realização deste ato de morte. Pondero: uma mulher ou um homem, que estava a fim de realizar o ato sexual, com poder de decidir o que fazer de seu corpo, tinha realmente este poder, que é oferecido através do conhecimento? Ou seja, conhece os mecanismos da reprodução humana? Sabe que tudo começa com a união de dois gametas? Que um destes gametas é o seu e outro é o do parceiro? Que existem mecanismos de prevenção para que esta união seja segura para não gerar um fruto desta relação? Então se ocorrer a fecundação não seria involuntária porque conhecia a lei de causa e efeito: gameta A + gameta B = bebê. Se não sabia que poderia ocorrer, então estava equivocada ou equivocado, não era uma pessoa empoderada capaz de assumir as consequências sobre o uso de seu corpo.

Então para que você possa gritar com todas as letras e com todo seu corpo: “Sou dono ou dona de meu corpo faço o que quero com ele”, saiba bem o que fará e as consequências dele derivadas, cuide para que seus atos não envolvam uma terceira pessoa, principalmente se ela não estiver em condições de evitar que você a mate.

Isiara Caruso (IsiCaruso)
Enviado por Isiara Caruso (IsiCaruso) em 13/08/2018
Reeditado em 23/09/2019
Código do texto: T6418062
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