Tempos de sensatez e não beligerância

“Tudo será caro, apenas o convencimento será sempre mais barato.“

De um ditado popular que ouvi na Alemanha:

“Alles wird teuer, nur die Ausreden werden immer billiger”.

(Desconheço o autor, tradução livre)

Em tempos de eleição a sensatez deverá sempre prevalecer!

Argumentar com inteligência e bem fundamentado é sempre mais difícil mesmo, mas, o resultado será muito mais duradouro, além de inspirar confiança e admiração. Não e necessário eloquência ou capacidade de falar em público, como se estivesse em um púlpito ou palanque de discursos políticos. Não precisa das retóricas e dialéticas rebuscadas para impressionar seu interlocutor. Basta ser sincero, ponderado, fundamentado nas suas opiniões. Só o consegue quem é sensato, que tem conhecimento e que quer prestar um bom serviço à sociedade.

Muitos nessa época ficam "cegos" e se fecham para a sabedoria ou para coisas mais difíceis de aceitar, nesses tempos de "consumo de coisa pronta" e imediata. Quando você aceita "deglutir" os enfadonhos clichês sem buscar veracidade, sem questionar a razoabilidade das coisas, a tendência é ser comum, é perder o próprio senso crítico das coisas e reagir/ proceder como os insetos em sua colmeia ou os cupins em seus ninhos, ou ainda como ensinou na letra o Geraldo Vandré: "... nos ensinam antiga lição, a morrer pela pátria e viver sem razão..."

Procure fugir dos "carimbos" que querem lhe colocar, com os apelidos depreciativos, com as formas fáceis de buscar definir candidatos, de acordo com interesses apenas de denegrir e impedir que a sua escolha seja sensata, como se isso fosse vantagem, ao mesmo tempo que escondem as fragilidades de seu escolhido. Defender, tanto um como outro, é assaz difícil. Todos são humanos e sujeitos a imperfeições. Busque dentro dessas deficiências filtrar o que a pessoa tem de melhor. Talvez, dentro de uma apresentação até simples, esteja oculta uma capacidade enorme de transformação, em direção ao melhor para a sociedade.

Vamos pensar muito nesse pleito, já se foram mais de meio século daquele 31 de março de 1964, cujo período durou mais de 20 anos, e, após mais liberdade ainda não conseguimos encontrar o caminho da plena democracia. Quando um faz algo bom, outro disso se aproveita, distorce, se apropria das ideias, e a utilizam para propósitos espúrios e malfazejos. Percebo coisas curiosas, como gente que sofreu o peso do coturno no traseiro e hoje pede o retorno dos tempos plúmbeos. Há discussões de gente que sequer viveu aquele período, e pouca cátedra possuem para avaliar se era bom ou ruim, e falam aos quatro ventos das "virtudes" de então. Muitos se apegam em este ou aquele exemplo de como determinada coisa funcionava, e daí extrapolam para um todo que justifique como melhor caminho para o país. Se teve coisa boa, teve também muita coisa ruim. Teve também corrupção e tudo o que hoje fica mais escancarado, dada a facilidade que o meios de comunicação hoje propiciam.

Há os que buscam regimes mais distantes ainda, como foram os tempos do império, e que também não atendia mais os desejos democráticos do povo.

Muito cuidado minha gente, chega de retrocesso. Vamos buscar o melhor caminho, mesmo que não signifique ainda o pleno atendimento de nossos anseios.

Buscando apoio nos escritos do recantista Richard D Foxe, no seu texto "Considerações sobre a ditadura", à título de ilustrar mais esse contexto, pincei o que segue:

"Todas as ditaduras e, ainda mais os totalitarismos, sejam eles de natureza puramente ideológica ou religiosa, para se sustentarem necessitam, não apenas do poder das armas, mas, ainda mais, do poder da palavra. Não daquela forma positiva de comunicar que Platão chamava de dialética (do grego "Dialèktike" que significa dialogar, comparar opiniões diferentes), mas da retórica, entendida não como a arte de agilizar comunicação e sim como sofisma apto a captar o consenso das pessoas por meio de "slogans"vazios e reboantes, palavras de ordem ou afirmações indemonstradas. Enquanto a dialética tem como objetivo convencer por meio da apresentação de sólidos argumentos racionais, a retórica foge do acatamento preferindo demolir o oponente zombando dele, ofendendo-o e aviltando-o de todas as formas".

A verdade está no centro das coisas, nunca nos extremos, muito embora fiquemos céticos quanto a eficácia de medidas que nos são apresentadas, eis que não saciam nossos mais beligerantes sentimentos. Mas o caminho não é o de simplesmente ver como inimigo o adversário e sim como uma oportunidade de se exercer o seu poder de convencimento.

Os arroubos de que se valem alguns candidatos, nem sempre serão factíveis se eleito. O caudilhismo e o populismo deve sempre ser evitado, pois significam sempre extremos que nunca deram bons resultados, e é disso que estamos argumentando, qual seja de não agir como os insetos.

Não estamos em guerra, apenas em um período de fazer escolhas. O que se apresenta para ser escolhido é o que sobressai de toda a massa de cidadãos, através de um processo democrático. Se pensamos que esse processo não nos atende, não há outra forma que não eleger quem acreditamos que possa mudá-lo para melhor. E nem sempre essa mudança ocorrerá como apregoam, pois há muito debate pela frente, para atender os anseios de um imenso país, com muitas diferenças sociais, de costumes, de forma de enxergar as coisas., e tudo tem que ser respeitado, para que possamos alcançar melhores coisas de forma ordeira e pacífica, como ocorre nas mais evoluídas democracias.

Marco Antonio Pereira

13/08/2018

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 13/08/2018
Reeditado em 13/08/2018
Código do texto: T6417814
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