TRAIÇÃO E FLAGELO.

Vivemos momentos de traição, histórica, indelevelmente escrita nos pórticos da humanidade. Traição, gesto covarde e que faz a entrega dos laços de amizade. Só é traído aquele que confia no traidor. Traição pressupõe aproximação, amizade mediata ou imediata, e mesmo vínculo mais distante, contudo aproximado por meios diversos. Existe admiração, confiança, amizade enfim conferida a quem irá trair. Um procurador privado ou público, como neste configura-se o voto, define um traidor que ignora a confiança.

A representação dos direitos de todos nos meios institucionais sempre assistiu forte traição, escancarada para os que se informam medianamente, subtraída para os de pouca ou nenhuma formação, mesmo para os que se pensam informados sem nunca terem tido contato nem mesmo com a antiga cadeira de moral e cívica dos primeiros bancos escolares. Esses são os mais enganados, pois mesmo usurpados acreditam nos usurpadores. E os festejam, acredite-se.

Jesus de Nazaré foi entregue pela traição, hoje é natural , aceita e motivo de júbilo. A motivação foi o dinheiro, a moeda que devasta o mundo nas várias cenas em que se incorpora, desde a dominação territorial até a usura praticada pelo monopólio das finanças associado à usurpação do apossamento do que é de todos.

A traição está, portanto, nos votos de fidelidade, nos ligames da intenção, da vontade dirigida desde a amizade coloquial ou na representação como gênero, e se enreda em promessas comungadas e ideais afins, traídos.

Envolvendo interesse sempre, a traição traz sofrimentos e flagelos como o de Cristo que suou sangue, ou hematidrose, fenômeno raríssimo, produzido em condições excepcionais naquele que está acometido de extrema fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento, causado por uma profunda emoção, por um grande medo. Choram o sangue não visível os que passam fome, os necessitados de assistência e remédios que não têm, os relegados à indiferença em todos os graus.

Essa ordem de causa e efeito mostra que o mal da humanidade inerente ao homem de forma visível, no interesse de dominação e mortes cruéis, dos flagelos da inocência de crianças mortas em meio ao medo indescritível, faz o choro da dor máxima. O choro do sangue que para de circular e mata a vida sagrada. É a traição que leva ao flagelo tristemente lembrado sempre para quem tem sua lembrança.

Traição percorre todos os graus, também por traição daqueles que têm o encargo de gerir os povos ao invés de saquearem seus direitos, que está sob nossos olhos se alastrando com vigor, em nosso rincão e no mundo.

Que haja alento em nossos corações para obterem a mínima paz, e que o sangue de Cristo possa resgatar, ainda, os inocentes, e lavrar a sentença da iniquidade para os que merecem o estigma da desídia por não reconhecerem a fragilidade dos humanos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 13/08/2018
Reeditado em 13/08/2018
Código do texto: T6417749
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