LÁ ESTÁ O PAI. DEUS.
O maior legado do homem concentra-se na absoluta compreensão da personalidade do ser humano em geral. A compreensão envolve complexidades. Difícil distinguí-las. O mundo vagueia na convicção da presunção, em crenças de mera passagem como todas. Opiniosos dominam as verdades, fiam-se em colocações sem fundamento e razoabilidade. E um forte número chega à crítica absolutamente deficitária, que abriga e celebra ausência de valores humanos. Para avaliar a consequência da perda desses valores só contrariando avisadas estruturas históricas.
O mundo pertenceria aos opiniosos, “bosses” que seriam abrangentes, e não o são na linearidade do padrão pretendido, estacionários na presunção, sempre negativa.
Não caminhar sob o criativo processo da dúvida implica em nada recepcionar. Não se questionar, quantos e quantos viram o caminho percorrido inverso, e mudaram.
O que faz o homem no mundo a não ser caminhar sob o processo da dúvida? Dúvida no que vai ser como profissional, dúvida em qual caminho se completará como ser humano, dúvida em sua ideologia política que elegerá como meta social, dúvida mesmo no amor que elegeu para estar no seu lado.
A dúvida é criativa, procura o crescimento.
A dúvida, querendo ou não, preside nossos passos eletivos. Cristo duvidou da proteção de seu pai quando pendurado em uma cruz no Gólgota, bradou: “Pai (Abba) porque me abandonastes? Mas não perdeu a fé no Pai e prometeu a Barrabás que juntos estariam no Reino dos Céus. Tinha fé como Filho de Deus.
E a Primeira Força, o Primeiro Movimento, Deus, nos deixou a dúvida para elegermos caminhos após os ensinamentos, fazer opção. Na escolha reside dúvida.
Kant iniciou a discussão do “SER NECESSÁRIO”, lastreada na dúvida, discutindo paralelamente à metafísica, onde se situaria o homem. E ele é discutido junto aos temas religiosos, sociais e éticos. Uma Lei Moral estava a encimar o objetivo. Este o núcleo, o principal.
Toda a catedral barroca de Kant foi e é dúvida, se ergue na contrariedade aos dois princípios da crença, mas não relega os fatos apreendidos e avaliados. Valha para todas as crenças, religiosas, ideológicas, fincadas em costumes nas eras.
“A Religião dentro dos Limites da Razão”, 1794, coloca o tema religião na mira racional de forma crítica sob princípios. E os defende.
"O Único Fundamento Possível de uma Demonstração da Existência de Deus” contesta o racionalismo de Leibniz, Espinosa e Descartes. Pela “Razão Pura” eram apenas “juízos”.
Kant se firma nessas convicções, afirmando que “A necessidade incondicionada dos juízos não é uma necessidade absoluta das coisas. Porque a necessidade absoluta do juízo só é uma necessidade condicionada da coisa ou do predicado do juízo.”
"Este ser é, portanto, ele próprio, absolutamente necessário, porque a sua existência é pensada conjuntamente num conceito arbitrariamente admitido e sob a condição de que eu ponha o seu objeto.
Exteriormente, nada há com que possa haver contradição, porque a coisa não deverá ser exteriormente necessária; interiormente, nada há também, porque suprimindo a própria coisa, suprimistes, ao mesmo tempo, tudo o que é interior.
Deus é Todo-poderoso, eis um juízo necessário. A onipotência não pode ser anulada, se puserdes uma divindade, ou seja, um ser infinito a cujo conceito aquele predicado é idêntico. Porém, se disserdes que Deus não é, então nem a omnipotência nem qualquer dos seus predicados são dados; porque todos foram suprimidos juntamente com o sujeito e não há neste pensamento a menor contradição." Este o fundamento principal kantiano. "Crítica da Razão Pura".
"A Paz Perpétua", escrito entre 1795 e 1796, descrevia as teses kantianas que mais interessam aos estudiosos do direito e devem ser buscadas em primeiro lugar no livro Metafísica dos Costumes (1785).
Kant continuou escrevendo seus opúsculos, e ergueu sua famosa e "filosófica catedral barroca". Dessa vez, entretanto, ao lado da metafísica, aparecem assuntos religiosos, éticos, sociais, pedagógicos e tudo o mais que estivesse voltado ao entendimento da questão fundamental de sua linha de pesquisa: "o que é o homem?". O texto de Kant que lhe causou mais problemas com a censura foi A Religião dentro dos Limites da Razão, onde pretendeu enquadrar a doutrina religião nos moldes de sua abordagem crítica do alcance racional para defesa de seus princípios.
Kant mostra, como já fizera em um opúsculo de 1763, "O Único Fundamento Possível de uma Demonstração da Existência de Deus", que as defesas racionalistas de Leibniz, Espinosa, Descartes e mesmo de Santo Anselmo (1033-1109), em seu famoso argumento ontológico, ser impossível estabelecer a realidade de tal existência, uma vez que ela estaria baseada apenas em juízos.
“A necessidade incondicionada dos juízos não é uma necessidade absoluta das coisas. Porque a necessidade absoluta do juízo só é uma necessidade condicionada da coisa ou do predicado do juízo. Contudo, esta necessidade lógica demonstrou um tão grande poder de ilusão que, embora se tivesse formado o conceito a priori de uma coisa, de tal maneira que na opinião corrente a existência esteja incluída na sua compreensão, julgou-se poder concluir seguramente que, convindo a existência necessariamente ao objeto, desse conceito, isto é, sob a condição de pôr esta coisa como dada (como existente), também necessariamente se põe a sua existência (pela regra da identidade), e que este ser é, portanto, ele próprio, absolutamente necessário, porque a sua existência é pensada conjuntamente num conceito arbitrariamente admitido e sob a condição de que eu ponha o seu objeto.
Exteriormente, nada há com que possa haver contradição, porque a coisa não deverá ser exteriormente necessária; interiormente, nada há também, porque suprimindo a própria coisa, suprimistes, ao mesmo tempo, tudo o que é interior. Deus é Todo-poderoso, eis um juízo necessário. A omnipotência não pode ser anulada, se puserdes uma divindade, ou seja, um ser infinito a cujo conceito aquele predicado é idêntico. Porém, se disserdes que Deus não é, então nem a omnipotência nem qualquer dos seus predicados são dados; porque todos foram suprimidos juntamente com o sujeito e não há neste pensamento a menor contradição." KANT. Crítica da Razão Pura.
Com isso, a razão puramente teórica estava impossibilitada de fornecer uma prova definitiva sobre a existência de Deus. Para que esta fosse sustentada, a teologia dependeria de uma fundamentação precisa dos juízos morais, a fim de que uma conduta boa pudesse aspirar à felicidade em uma vida além túmulo, respondendo à questão "o que podemos esperar?". Todo o raciocínio religioso, portanto, decorreria de uma Razão prática, moral, e a salvação deveria ser consequência de uma vida virtuosa e não o contrário.
Essa a crença única, o norte da lei moral, acima de dúvidas e discussões. É no que creio, na Lei Moral desse Ser Necessário que nos deu a presença de seu Filho, Jesus de Nazaré, que a ensinou. Aqui não pode entrar a não ser a dúvida motivada, que é angular como em todo processo do conhecimento.
E LÁ ESTÁ O PAI, O PRIMEIRO MOVIMENTO, DEUS.