NA PALAVRA É QUE VOU... * Por que perdemos sempre?
Nós somos tantos!
Eles são tão poucos!
Por que perdemos sempre?
Talvez nós não sejamos tantos como supomos.
Um antigo companheiro de jornada sempre qualificava de mal esclarecido quem lhe manifestava uma divergência de fundo. E sentenciava: «esclarecer, esclarecer sempre!» Certamente parafraseando o tão celebrado «aprender, aprender sempre!» que nós tínhamos por divisa nos tempos obscuros.
Desses mal esclarecidos tivemos notícia mais tarde, empoleirados nos palanques acomodados duma efemeridade sem amanhã.
É verdade que quando a barca adorna e os fados pressagiam procela e risco de naufrágio, sempre os timoratos procuram a garantia da terra firme. E assim porque não sabem nem querem saber que depois da tempestade vem a bonança.
São estes timoratos que se apropriam dos fastos e desgraças dos intrépidos que foram além da dor, no dizer de Fernando Pessoa; dos intrépidos que por mares nunca dantes navegados, no dizer de Luís de Camões, dobraram cabos, dominaram medos, rasgaram nevoeiros e descobriram amanheceres.
Por tudo isto, nós não somos tantos assim!
Por tudo isto, eles não são tão poucos assim!
Por tudo isto, talvez fique claro por que nós perdemos sempre…
José-Augusto de Carvalho
Alentejo*Portugal, 15 de Junho de 2016.