Pais, Filhos e Listas
Faço listas como sempre as fiz. A vida se organiza assim: listras de zebras e vistas de águia.
Em minha idade de grisalhos que vão caindo sobre a blusa de lã, na cama que deito ou no chão que começo a arrastar os pés faço rol de medicamentos e suplementos para recuperar um pouco a vitalidade que já não tenho mais. Com esta lista na mão vou à farmácia e encontro amigos que lá estão.
Sinto um privilégio e nenhum amargor há nisto: envelheço em uma época que a expectativa de vida aumenta. Meu pai não teve este privilégio e nem listar cuidados podia. Sua “macheza” não deixava e o punha completamente na dependência de quem tinha paciência e reconhecimento. A cultura era outra e ditava: homem que é homem não se cuida: tem que fumar, beber e desafiar a vida. Cuidado era sinal de fraqueza.
Lembro-me de tantas outras listas!
Trago a reminiscência de minhas listas de material escolar: cadernos, livros, estojos... sempre encapados pela minha mãe ou irmãs. Meu pai nem olhava. Homem não tem estes cuidados que são tarefas femininas.
Mas saudade mesmo era quando eu saía com meu filho para comprar as listas de seu material que a escola havia pedido para sua aprendizagem. A mentalidade mudava: “pai que é pai tem que participar”!
Outra foi quando meu filho se apresentou para o serviço militar obrigatório. Fomos nós comprar uma parafernália que havia naquela lista que o recruta tinha que providenciar. Eu, enquanto isto, no início daquele ano, tinha que organizar listas de material didático para meus alunos do ensino fundamental e médio. E tinha que organizar a lista bibliográfica para meus alunos do ensino superior.
E aí meu pai, telúrico que eu sou, já era um rol de substância química oriunda de sua forma biológica e física. Eu sei, ele vive no céu de nossas memórias.
Enquanto meu filho prepara sua lista de material de construção que tem que providenciar para o engenheiro civil construir sua casa, eu o chamo de lado e lhe digo:
– Tenho que fazer a lista da farmácia! Anote aí...
E aí vão os remédios terminados em “mol” e “flex” para as dores, as vitaminas e minerais de A a Z, os ômegas, os cloretos, os de tireoide, os de... Logo entrará na lista os remédios para o Mal de Alzheimer e Parkinson.
Nada anormal. Tudo natural! A vida segue suas fases.
Eu hoje listei tantas saudades de presenças e ausências de ti que nem mais crédito ou débito imprimo: saldo zerado. Tudo memória virou que aos poucos, como nós, também se esvai.
Faço listas como sempre as fiz. A vida se organiza assim: listras de zebras e vistas de águia.
Em minha idade de grisalhos que vão caindo sobre a blusa de lã, na cama que deito ou no chão que começo a arrastar os pés faço rol de medicamentos e suplementos para recuperar um pouco a vitalidade que já não tenho mais. Com esta lista na mão vou à farmácia e encontro amigos que lá estão.
Sinto um privilégio e nenhum amargor há nisto: envelheço em uma época que a expectativa de vida aumenta. Meu pai não teve este privilégio e nem listar cuidados podia. Sua “macheza” não deixava e o punha completamente na dependência de quem tinha paciência e reconhecimento. A cultura era outra e ditava: homem que é homem não se cuida: tem que fumar, beber e desafiar a vida. Cuidado era sinal de fraqueza.
Lembro-me de tantas outras listas!
Trago a reminiscência de minhas listas de material escolar: cadernos, livros, estojos... sempre encapados pela minha mãe ou irmãs. Meu pai nem olhava. Homem não tem estes cuidados que são tarefas femininas.
Mas saudade mesmo era quando eu saía com meu filho para comprar as listas de seu material que a escola havia pedido para sua aprendizagem. A mentalidade mudava: “pai que é pai tem que participar”!
Outra foi quando meu filho se apresentou para o serviço militar obrigatório. Fomos nós comprar uma parafernália que havia naquela lista que o recruta tinha que providenciar. Eu, enquanto isto, no início daquele ano, tinha que organizar listas de material didático para meus alunos do ensino fundamental e médio. E tinha que organizar a lista bibliográfica para meus alunos do ensino superior.
E aí meu pai, telúrico que eu sou, já era um rol de substância química oriunda de sua forma biológica e física. Eu sei, ele vive no céu de nossas memórias.
Enquanto meu filho prepara sua lista de material de construção que tem que providenciar para o engenheiro civil construir sua casa, eu o chamo de lado e lhe digo:
– Tenho que fazer a lista da farmácia! Anote aí...
E aí vão os remédios terminados em “mol” e “flex” para as dores, as vitaminas e minerais de A a Z, os ômegas, os cloretos, os de tireoide, os de... Logo entrará na lista os remédios para o Mal de Alzheimer e Parkinson.
Nada anormal. Tudo natural! A vida segue suas fases.
Eu hoje listei tantas saudades de presenças e ausências de ti que nem mais crédito ou débito imprimo: saldo zerado. Tudo memória virou que aos poucos, como nós, também se esvai.
Foto: Bolo para homenagear os PAIS. Delícia da Grace Kelly do
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Leonardo Lisbôa
Barbacena, 08/2018
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