Parabéns!
Naquela manhã ninguém se acordou seis e meia, como era de costume. Naquela manhã ninguém se acordou oito ou nove horas. Tão pouco alguém se acordou mais cedo. Simplesmente porque naquela noite ninguém dormiu. Naquela manhã estávamos em trabalho de parto. Todos nós. Todos nós estávamos parindo. E não havia bisturi. O único Cézar que havia não era Júlio, para corruptelar o famoso processo. Não, também não se ouvia falar de Frédérick, para “Leboyar”. Era um parto “in natura” com todas as dores, o útero era pequeno e dilatação insuficiente.
Apesar de todos as adversidades, nós demos a luz. Há exatos vinte anos, na manhã do dia dez de agosto do ano de hum mil novecentos e noventa e oito do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, centésimo septuagésimo sexto da independência do Brasil, nós demos a luz a uma linda menina chamada Agência Presidente Dutra. Registrada sob o número 2290 do livro 001. Há exatos vinte anos.
Parabéns a nós, que naquela manhã, senão a maior, uma das principais de nossas vidas, estávamos perfilados e sorridentes não transparecendo nem um vestígio das contrações, que não não foram poucas e que remontaram todos os meses da gestação. Parabéns a nós que recebemos elogios, sim, mas que nem de longe se aproximaram do nosso orgulho interior, do nosso prazer em ver um sonho subestimado por muitos ser realizado com tamanha pompa e galhardia. Não eram nada diante do troféu que mostraríamos para filhos e netos nos momentos de festa.
Mas apesar da beleza da menina, os primeiros dias foram difíceis. Muito difíceis, apesar de ser a primeira totalmente automatizada no país. E um pouco até por isso também. Foi aí que foram chegando, um a um, novos talentos para reforçar os progenitores. Foi aí que vimos a menina crescer e ficar adulta. Hoje estão de parabéns também aqueles fizeram parte da aventura.
Chegou o dia em que todos os colaboradores ou eram fundadores ou haviam tomado posse naquela agência, quer como funcionários, que como contratados ou estagiários. Muitos até acumulavam o título de primeiro emprego. Era um momento de glória e de amor verdadeiro pelo nosso ambiente. Foi quando alguém teve a brilhante ideia de, no tom até meio jocoso, pelo efeito cacofônico, sugerir o título de “Filho da Dutra” para cada um de nós. Foi uma brincadeira, surgida em momento esportivo onde gritávamos “Filhos da Dutra”, com a nítida intenção de provocar celeuma e cacofonia.
Algum tempo depois, já em uma nova leva de obreiros, surgiu um novo título: "Amigos da Dutra", um pouco mais abrangente, mais ainda destinado a uma equipe fervorosa que continuava a missão.
Mas “o tempo, senhor do momento”¹, se encarregou de dispersar os “Filhos da Dutra”, bem como os "Amigos da Dutra". Alguns contra a vontade, para satisfazer exigências, outros por aposentadoria e também aqueles que foram para outro plano. É provável que não haja mais de meia dúzia ainda labutando na “Dutra”. Mas é impossível que alguém que ainda mantenha suas faculdades mentais em ordem não se lembre aqueles dias de glória, sobremaneira daquela esplêndida manhã de dea de agosto de hum mil novecentos de noventa e oito no nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo e centésimo septuagésimo sexto da independência do Brasil.
Parabéns agência 2290 pelos seus vinte anos..
Parabéns “Amigos da Dutra”.
PARABÉNS "FILHOS DA DUTRA"
---------------------------------------------------------------
¹) Ferreira de Carvalho, colega do BB, aqui no Recanto das Letras, em seu poema "O Amor e o Tempo", 24/01/2007.