A MALDITA INVEJA.
Da mente habitada pela inveja não se aproxima a virtude. Esse baixo sentimento humano, visível pela forma que se mostra e modo que se expõe, revela sua imensa fraqueza, reverenciando a superioridade do invejado. Sempre carregado de frustrações e inferioridades o invejoso é um algoz de si mesmo, pois se martiriza pelo sucesso alheio.
A arma do invejado reside em que concomitantemente desperta inveja e infunde temor. A força do invejado não é desconhecida pelo invejoso.
A angústia do invejoso, perdido nas vitórias do invejado, espreitadas sempre, sufoca qualquer possibilidade que teria de avançar e crescer, se pudesse. Mas não tem condições de crescimento, seu interior é vazio de potencialidades, caminha na estreiteza das potencialidades e dons. Falta ao invejoso a amplitude de interior para fazer as grandes viagens do espírito. A espiritualidade não abriga fraquezas ou dissimulações, é alada para voos grandiosos, permitindo às asas da imaginação alçarem o infinito.
Rouba de si mesmo quem foge de seus pensamentos para fixar-se no que criam os outros. É como subtrair o que tem, embora pouco, guardando o proveito que tiraria para si, preocupado com o que não tem e não lhe foi dado.
É como a fortuna do avarento, nunca lhe será útil embora a possua. Também assim como o pensamento do invejoso, pela negatividade, nunca lhe trará o mínimo possível, por almejar o máximo possuído pelo invejado e que lhe está distante. É a mutilação da vontade que inexoravelmente traz doença física e moral.
Lá estão os avarentos no Inferno de Dante, Virgílio os questiona: “Oh Criaturas Insensatas (O creature scioche!) . Que profunda é a ignorância que os degrada! Aquele cujo saber transcende a tudo criou os Céus e designou para cada um deles uma inteligência diretora , de modo que por toda a parte, brilha a suprema lei distribuindo luz com igualdade e proporção.”
É preciso entender essa igualdade e essa proporção para dar fim na maldita inveja que arrasta consigo toda sorte de impropérios e desvios de caráter. Sofrer e ficar sempre diminuído pelo que possuem os outros em bens, beleza, dons, fortuna e prazer. Maldita sina, infeliz e amarga existência.
Um caminho sem fim de amarguras e idiotias.