Não sou forte. Não sou forte todo tempo, tenho momentos de fragilidade, medo e insegurança. No entanto, muitas vezes fico em silêncio quando me perguntam como estou me sentindo, ou respondo o que querem ouvir só para não estender o assunto. A verdade é que dor, doença e sofrimento assustam a maioria das pessoas.

Quando assumimos a obrigação de parecer fortes, o peso, as cobranças e julgamentos crescem. Ser forte deixa de ser um adjetivo e se transforma em imposição, e passamos a viver no estilo ‘’tudo bem’’, mesmo não sendo verdade. Não estar bem é normal; todos vivem dias bons e ruins, momentos bons e ruins, a dor aumenta, diminui e é assim que a vida funciona.

A dor física incomoda, não posso fazer meus ossos voltarem ao normal nem consertar tudo que os anos levaram, e pra falar a verdade, esse não é meu maior incômodo. Sabe o que me tira do sério? A dor que aflige minha alma cada vez que olho a condição que vivemos atualmente, quando ouço as notícias da maldade que o ser humano inflige ao outro, aos animais, à natureza e a própria vida. Busco refúgio na compaixão, independente de qualquer coisa, mas o desgaste é enorme e o corpo se ressente.



O sofrimento é um acúmulo de dores: alma, pensamentos, emoções, sentimentos e corpo. Maltratei anos e anos meu corpo, arrastei tristeza, raiva, angústias e muita revolta; quando tive o acidente onde perdi minha carreira, larguei meu corpo e fui viver o ressentimento. Quando vejo a quantidade de pessoas vivendo nas ruas, imagino que cada uma delas tinha uma vida, que por alguma razão abandonaram e isto é muito triste. A situação de extrema penúria, a violência, a cidade caótica e o povo doente e sem rumo doem muito; doem mais que a dor da autoimune.
Não sou forte todo o tempo, me resta ter fé, esperança e fazer minha parte.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 09/08/2018
Reeditado em 09/08/2018
Código do texto: T6414172
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