JESUS CRISTO E NOSSAS DIMENSÕES.
"O Messias veio ao mundo para primeiramente indicar o caminho a seguir, dando a todos os seus filhos, da mesma forma que se conduzem os pais após os ensinamentos ministrados, a liberdade de escolha. É a mensagem da redenção como consequência da razão de sua vinda.
É essa liberdade, legado do Cristo, bem maior depois da vida, que nos faz conhecer a nós mesmos mostrando nosso eu do qual não é possível se esconder pela didática de não se poder permitir nenhum tipo de aprisionamento do espírito, o que ocorrendo faz nosso ser ficar pequenino diante de nossas realidades. E elas nos dão alegrias ou depressão, esta precedida de angústia e ansiedade. Se permitirmos, de alguma forma, que algo ou alguém vede esse amplo abraço espiritual que nos devemos, chegado pela inteligência do Messias diante da legítima liberdade de pensar e agir que nos concedeu, teremos a presença forte dos grilhões que impossibilitam a grandeza de nossa caminhada plena, que é só nossa. A inteligência do Cristo consiste em apontar a única forma do homem realizar-se no plano terreno como pessoa, no exercício de sua liberdade, e pela fé aspirar a sublimação do ser prometida pelo filho de Deus; viver na glória eterna.
Nessa liberdade de escolha mesmo a nossa vontade ficta deve ser repelida, imaginosa e imaginária, escorregadia no terreno alheio ao que somos, gerando o pântano da desordem espiritual, nos levando ao caos como ser existencial. Barrar nossos limites que teimamos em não enxergar, pretendendo ser mais do que somos é necessário para ordenar nosso ser. Precisamos enquanto vivemos, na curta passagem que é um sopro como percebia Santo Agostinho, fazer valer nossos sonhos e nossa liberdade, pois tudo que vive é sagrado e deve ser altar do respeito unânime e sacrário da liberdade inviolável. Realizar tudo que se coaduna com o que somos e aspiramos é missão que não deve ficar vazia, sem o que comprometemos nosso eu na formalização do sentido maior traçado para o que viemos em nossa brevíssima passagem. Sem tal posicionamento seríamos um espírito que vagueia em busca de sua razão corpórea irrealizada, mesmo após a passagem para outros espaços no transcendentalismo acreditado pelas razões encontradas na fé. Essa fé com raízes no racionalismo que passa pelos sentidos e se encontra na reflexão dos homens de boa vontade .
Que o novo, a boa-nova do Cristo que renova, melhore a todos nós para que sejamos sinceros com nossas verdades, com nós mesmos, com nosso mundo imodificável, entendendo que não somos o mundo mas do mundo e nossa estatura é do tamanho dado por Cristo e seu Pai, para assim podermos realizar nossos sonhos. Poderemos então nessa visão de realidade, perceber que não somos mais do que somos mesmo que tentemos ou nos enganemos, mas o que somos devemos ser, fazer e existir e por isso lutar. Sendo o que somos podemos mais, não só por projetarmos a verdade mas também por deixar acesa a vela da honestidade de conduta social, iluminando o que não vê, o que não se quer ver, e principalmente o que se esconde de si na imaginação que traça as linhas fictícias alimentadas por todas as sequelas de vontades inatingíveis, fantasias surdas a todos e mudas na fala que não comunica, os doentes do ego, fechados à caridade e ao altruísmo por só verem a sua anã realidade que não transpõe o umbral da mentira, isolados nas sombras do teatro sem espectadores achando que está cheio. A benção de sermos nós mesmos une a vontade à realidade, construindo o projeto de vida que a nós se destinou pela inteligência do Cristo, fazendo assim do novo mais uma possível felicidade, embora um bem relativo como ensina a simples filosofia, a felicidade de encontrar dentro de nós todas as verdades e assim podendo encontrar a verdade maior, a inteligência do Cristo e, assim, a nós mesmos, imagem e semelhança de Deus, a criatura próxima do Criador. Sem sermos nós mesmos não lutamos por nossos sonhos realizáveis, dos quais somos legítimos detentores. Nada seremos além de maltrapilhos fantoches do que aspiramos e pretendemos sem podermos atingir, deixando de atingir pela liberdade a realidade pela qual não lutamos, perdidos no universo escorregadio da fantasia da espera que não chega nunca, e pior, atingindo o sombrio e desprezível pecado da inveja que todos enxergam. Assim, sob esse invólucro irreal, necessitamos fugir de nós mesmos por todos os meios sejam quais forem, arrastando vícios e sequelas de toda sorte na procissão da insegurança que arrasta inocentes e vítimas. Não foi esse o desígnio do Cristo. Apontou a liberdade e a Lei Moral para que cada um não deixasse fugir seu direito e o exercesse de par com seus legítimos interesses, por eles lutando, de forma alguma deles renunciando, mas também não se imaginando habitante de plano distante de suas faculdades, além de seus dons, esquecendo que não só sua consciência, nosso implacável tribunal, mostra o que somos, mas toda a sociedade em que vivemos, da qual nada pode se subtrair. Como pessoas, visíveis que somos, dá-se o julgamento dentro do exclusivo universo do qual não podemos nos apartar. Somos nada mais nada menos do que o que somos, e somos muito, somos descendentes do Cristo e de David na ancestralidade que faz de todos um só. E o que somos é o resultado da mais perfeita celebração da natureza, alma e pensamento somados ao pó animado que inala oxigênio, vida, antes do encontro com a subida da montanha, quando realmente desnudos ao vento e dissolvidos seremos também a luz do sol.
Em “A Linguagem de Deus”, obra prima do momento, esgotada em praticamente todas as livrarias, o notável cientista crente em Deus Francis Collins, que mapeou o genoma, subsidiado o projeto pelo governo americano diz: “Primeiramente, reconheçamos que uma grande parcela de nosso sofrimento e de nossos semelhantes origina-se do que fazemos uns aos outros”.
Com todo o reconhecimento que merece quem irá ser conhecido em cem anos próximos como um dos mais eminentes cérebros em termos de descobertas, pior que o mal que fazemos uns aos outros, que é de grandes proporções, desde a família, na comunidade e nas nações, é o que imprimimos a nós mesmos, sendo esta a origem do mal que se faz uns aos outros, pois não sendo o que somos, e somos originariamente bondade, esquecemos que os outros são iguais; esse o mal ceifador das possibilidades de ser o homem e sua dignidade o centro do mundo.
Essa é a conduta que nos faz ser casca de um fruto amargo que nós mesmos repudiamos e assim não podemos olhar nosso interior e encontrar Deus. Somos o que somos e Deus é o que somos por estar dentro de nós. Não é sofisma ou jogo de palavras, é realidade e equação de simples demonstração. Ninguém repele o recebimento da bondade ou da caridade.
Por que o amor filial é o amor máximo? Por que um pai não abandona nunca o filho, seja qual for a situação em que ele se encontre? Pela simples razão do amor que envolve a relação não ceder a qualquer outra motivação, é amor puro, verdadeiro. Esta é a razão da certeza da inteligência do Cristo o mesmo se dando com os irmãos que acodem uns aos outros independente de quaisquer fatos. É isso e somente isso que dará curso à comunhão humana. Utopia como queria Platão? Podemos admitir, mas também sendo impossível contestar não ser este o único caminho em que a humanidade encontrará sua realização definitiva.
Que a “Inteligência do Cristo”, o novo, possa trazer mais paz e serenidade para os espíritos transtornados, calma para os aflitos, serenidade para os angustiados, conforto para os que sofrem, altruísmo para os egoístas, doação para os avarentos, boa vontade para os que se fecham à caridade, justiça para os que dela tem sede, compreensão de seus limites para os invejosos.
Se no plano terrestre se tem como exclusiva condição de convívio pacífico e digno a doutrina da irmandade originada e organizada pela inteligência do Cristo, não se permitindo pelos meios próprios -, organizações e sistemas de governo – que haja necessidades básicas não supridas, no plano espiritual, desta forma, será proporcionada melhor estrutura interior para “pensar Deus e sua possibilidade”, justamente por haver equilíbrio material do ser como pessoa, já que satisfeita do indispensável sua dignidade.
Estabelecido está em toda nossa reflexão, como sempre, o balanço do pêndulo que vai do bem ao mal no plano terreno. O divisor de condutas, o anjo e o demônio, atravessou a biografia do homem estabelecidos os padrões pelo livre arbítrio, pela liberdade de vontade conferida por Deus e ratificada na inteligência do seu filho, Cristo."
Do meu livro “A Inteligência de Cristo”.