TRATAMENTO DIVERSO PARA SITUAÇÕES DESIGUAIS (BVIW)
Para falar sobre miséria falta-me a sensação de senti-la na carne e a verve de Victor Hugo . Contudo, vou me valer do meu mestre Mario Moacyr Porto e passar a frente o que aprendi ,e aprendi que o espetáculo da miséria humana, as brutalidades do egoísmo, o sofrimento real e irremissível dos nossos iguais não nos tocam, por si mesmo, como realidades sensíveis e contagiantes. Basta porem que se substitua este sofrimento de verdade por uma desgraça de ficção para que o sintamos em toda a sua plenitude. Um mendigo andrajoso, faminto, miserável, que nos pede ajuda, não provoca, habitualmente, emoção ou piedade, se o espetáculo de sua flagrante miséria não se valoriza como um “decor” estético, É uma realidade neutra. No entanto, o sofrimento de ficção que nos revela o teatro, o cinema ou qualquer forma de expressão artística comove-nos até as lagrimas . Como se explicaria, assim, essa aparente contradição da sensibilidade humana, isto é, indiferença à vista de um sofrimento real e comovido enternecimento em face de um infortúnio de ficção? Por que o sofrimento no teatro é mais real do que o sofrimento que a vida expõe a nossos olhos? Para tal, a resposta que nos é dada é que o bom e o belo não é o que vemos, e sim o que sentimos.
Para falar sobre miséria falta-me a sensação de senti-la na carne e a verve de Victor Hugo . Contudo, vou me valer do meu mestre Mario Moacyr Porto e passar a frente o que aprendi ,e aprendi que o espetáculo da miséria humana, as brutalidades do egoísmo, o sofrimento real e irremissível dos nossos iguais não nos tocam, por si mesmo, como realidades sensíveis e contagiantes. Basta porem que se substitua este sofrimento de verdade por uma desgraça de ficção para que o sintamos em toda a sua plenitude. Um mendigo andrajoso, faminto, miserável, que nos pede ajuda, não provoca, habitualmente, emoção ou piedade, se o espetáculo de sua flagrante miséria não se valoriza como um “decor” estético, É uma realidade neutra. No entanto, o sofrimento de ficção que nos revela o teatro, o cinema ou qualquer forma de expressão artística comove-nos até as lagrimas . Como se explicaria, assim, essa aparente contradição da sensibilidade humana, isto é, indiferença à vista de um sofrimento real e comovido enternecimento em face de um infortúnio de ficção? Por que o sofrimento no teatro é mais real do que o sofrimento que a vida expõe a nossos olhos? Para tal, a resposta que nos é dada é que o bom e o belo não é o que vemos, e sim o que sentimos.