UMA CRÓNICA DE VERÃO

“Na aldeia do Baraçal” (*)

Nesta aldeia do Baraçal

Respeitou-se a tradição

Fez-se festa consensual

Em honra de S. Sebastião.

Ninguém assumia o evento

Nem a responsabilidade

Mas, no preciso momento,

Ressurgiu a boa vontade.

Álvaro, Cândida e João,

Eis a tróica destemida,

À tarefa deitaram mão

Fazendo contas à vida.

Muita gente colaborou,

Não ficando ponto morto,

Todo o esforço resultou

E a festa foi a bom porto.

Na semana qu´ antecedeu

Co´ uma alma alegre e boa

Toda a gente conviveu

Na margem fresca do Coa.

Fez-se alegre caminhada,

Que já é tradicional,

Descansou-se da jornada

Co´ o picnic habitual.

No primeiro dia da Festa

Houve oração de vigília

Um pouco depois da sesta

Cantou o povo em família.

Manhã de festa na aldeia:

Missa solene, pois então,

Com a igreja quase cheia

Celebrou-se São Sebastião.

Não veio de fora o pregador

Mas não faltou o sermão

Pregou, à medida, o prior

Exultando à devoção.

Actuou um coro afamado,

Feito da prata da terra,

Demonstrando, ensaiado,

Que bela harmonia encerra.

Sob um intenso calor

Saiu à rua a procissão,

Sem a fanfarra a primor

Louvou-se São Sebastião.

Remanso em quente recinto,

Sede em calor abrasado,

Abriu-se como por instinto

Com todo o povo animado.

Terceiro dia, para fechar,

Onda Azul a condizer

Fez toda a aldeia delirar

Em sardinhada a valer.

Sardinhas quentes e boas,

Com sumos, febras e tinto,

Toda a gente cantou loas

Pois ninguém ficou faminto.

Houve por cima das mesas

Alguns sabores gostosos

Finuras de sobremesas

Pra satisfazer os gulosos.

E daqui resultou e bem

Euforia p´ la noite dentro

Sem brilho não houve ninguém

Com muito ou pouco talento.

Dançaram todos: as crianças,

Os adultos de qualquer idade,

E emigrantes, com esperanças

Pra matarem as saudades.

Do churrasco – os laborantes

E os serventes – com todo o brio,

Dançaram, mas vigilantes,

Cumprindo o seu desafio…

São assim de norte a sul

Todas as festas de Verão,

Debaixo de um céu azul

Lateja sempre o coração…

Com zelo e distinto cuidado

E com mordomos a condizer

Fica, na aldeia, aprovado

Que mais Festas há-de haver!

Frassino Machado

In AS MINHAS ANDANÇAS

(*) – Baraçal, 6 – 08 – 2018

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 06/08/2018
Reeditado em 06/08/2018
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