IMORTALIDADE... E DEPOIS

Semana passada, duas reportagens na mídia escrita de certa forma se entrelaçavam. A reportagem dos superidosos estava em todas as principais mídias do país. Contava que os cientistas estão se unindo para estudar o cérebro desses “velhos” com mais de 80 anos e seus desempenhos cognitivos de pessoas 30 anos mais jovens.

Não sei se os cientistas descobrirão algum segredo no cérebro dessas pessoas. Hipoteticamente, talvez, encontrem a presença ou a falta do neurônio da “exceção à regra”. O mesmo poderia acontecer no caso do cérebro dos gênios. Também é possível que a resposta esteja no cotidiano e não no cérebro.

A outra reportagem estava na revista Veja, com a pergunta: “O ser humano rumo à imortalidade? A reportagem diz que já criamos robôs capazes de tratar doenças a nível molecular e remédios que bloqueiam o envelhecimento. Será que para nos escravizar definitivamente no lugar de “espelhos”, as máquinas nos darão a vida eterna?

Com investimentos do Google criou-se a empresa “Calico”. Nela cientistas e desenvolvedores de softwares estão criando fórmulas para a vida eterna com base em dados biológicos. Dizem que em 2030 não haverá diagnósticos médicos sem esses sistemas inteligentes.

Imaginem se além da vida eterna, as máquinas tiverem a capacidade de apagar nossas memórias ruins e tristes. Quem sabe por alguns trocados a mais nos vender memórias boas e felizes. A ficção nos mostrou isto com a personagem “Mira” que um dia foi “Motoko” interpretada pela atriz Scarlett Johansson no filme “A Vigilante do Amanhã”.

Mesmo utopicamente é impossível imaginar um planeta com oito bilhões de imortais. Em 2100 serão onze bilhões. Então, perguntas se fazem necessárias: Quem serão os “sortudos” (com $$) agraciados com a imortalidade? Bastará apenas imortalidade, ou queremos que ela venha acompanhada por bumbuns e peitos perfeitos.

Parece tudo tão lindo. Resta saber em que condições estará o planeta no qual esses imortais pretendem viver sua eternidade. Não viverão num paraíso. Talvez, quando a imortalidade chegar o planeta Terra já esteja morto. Bloquear o envelhecimento é uma coisa. Bloquear a destruição do meio ambiente é completamente diferente.

Num planeta inabitável, como seria para os imortais viverem num mundo de realidade virtual programado por softwares e máquinas. Uma imortal exibindo seu lindo biquíni fio dental numa praia virtual. Um casal fazendo amor atrás dum matinho virtual.

Alcançando a imortalidade, e seguindo com nossa essência humana um paradoxo final nos aguarda. Cedo ou tarde, fartos com a imortalidade que se tornará enfadonha, acreditem será um saco viver para sempre, obrigaremos um software a nos matar.