PRA GENTE GRANDE ENTENDER

Política não é para principiantes, definitivamente. O eleitor comum vê o cenário das candidaturas e não entende como um general, no caso Hamilton Mourão, que há poucos meses chamou Jair Bolsonaro de boçal, é convidado e aceita ser vice em sua chapa (?).

As alianças são ainda mais sutis e indecifráveis. Marilia Arraes do PT de Pernambuco, retirou sua bem sucedida pré-candidatura ao governo e vai concorrer à Câmara dos deputados pela consolidação da aliança com o PSB em seu estado, em MInas Gerais e Rio de Janeiro, em troca de apoio à candidatura do PT à presidência.

Ainda sobre o PT, Lula é o candidato e Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, também do PT, vice. Como Lula sofre perseguição judicial e, muito provavelmente, vai ter sua candidatura indeferida, um acordo com o PCdoB de Manuela D'avila, que é a candidata do partido, vai conduzi-la ao cargo de vice na chapa do PT. Aliás, Manuela será vice em qualquer cenário, com Haddad ou com Lula, nesse caso Haddad cede seu lugar.

Ciro Gomes, que até então tinha o apoio dos partidos que formam o 'centrão', de repente se viu isolado com a adesão desses partidos com o PSDB em torno de Geraldo Alckmin. As alianças, mesmo com partidos pequenos, são importantes porque rendem mais segundos na propaganda da televisão. A senadora Katia Abreu, do mesmo partido de Ciro, o PDT, é sua vice. A vice de Alckmin é a senadora Ana Amélia do PP, aquela que mandou descer o relho na caravana da cidadania de Lula.

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, vem se firmando como importante liderança da esquerda, participa da eleição para confirmar seu nome como futuro postulante ao cargo, mas é defensor de Lula de primeira hora. Sua vice, Sonia Guajajara, líder indígena, formada em Letras, é a primeira indígena a postular um cargo de tanta relevância na história do Brasil. O PSOL com essa chapa tenta a aproximação com os movimentos populares, o MTST, e com a Articulação dos Povos Indígenas.

Partidos menos expressivos no cenário nacional já homologaram suas candidaturas, como o PSTU que vai lançar a chapa, Vera Lúcia, ativista sindical, e Hertz Dias, professor da rede pública, do 'quilombo urbano' do Maranhão, negros e nordestinos, numa chapa 'puro sangue'. Já o PCO, não lançará candidato, mas apoia Lula desde sempre, é um partido do combate direto nas ruas, das estratégias, da mobilização operária.

Não se pode sentir a política com o coração, não que a paixão seja inimiga, mas pode afastar a razão e fechar olhos e ouvidos para um diálogo esclarecedor. Política é coisa de mulheres e homens não canonizados, comuns, com a responsabilidade de pensar, agir e transformar, mas somos nós que delegamos essa tarefa a eles.

Ricardo Mezavila.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 06/08/2018
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