ESTÓRIAS CARIOCAS ACRONOLÓGICAS - PARTE II

1---Uma ladeira foi a primeira via pública aberta em 1567, dois anos após a fundação da cidade entre os morros Cara de Cão e o Pão de Açúcar, na Urca, sem espaço para expansão; transferência depois para o Morro do Castelo.

2---MEMÓRIA no centro da cidade - roteiro geográfico urbano do que ainda existe:

Academia Brasileira de Letras (ABL) - Réplica do Trianon de Versailles - fundada em 1897, imóvel reedificado para o Centenário da Independência.

Arco do Teles - Restante de um conjunto de prédios, destruído por um incêndio em 1790 - tempo do Rio colonial, com becos estreitos, calçados de pedra.

Chafariz do Mestre Valentim ou da Pirâmide - Construído em 1780.

Convento do Carmo - Construção iniciada em 1611, em 1808 passou a residência de D. Maria I, dita a "Rainha Louca". A expressão "Maria-vai-com-as-outras" nasceu aqui: a rainha, com disturbios mentais, foi afastada do trono, reclusa no convento, e - sem iniciativa e opinião própria, só saía à a rua acompanhada de damas de companhia, serviçais anônimas.

Edifício A Noite - Marco da arquitetura carioca, surgiu no espaço antes ocupado pelo Liceu Literário Português. Primeiro arranha-céu da América Latina, inaugurando o conceito de skyline no centro da cidade, relíquia dos anos 30, assinado pelos arquitetos Joseph Gire e Elisário Bahiana, projetado para receber o jornal "A noite", porém parte foi vendida pelos altos custos do empreendimento. Inaugurado na praça Mauá em 1929, tempos áureos nos anos 30 a 50, quando abrigou a Rádio Nacional (estúdios famosos pela produção de novelas e por lá brilharam muitos astros e estrelas), consulados e sede de multinacionais - aspecto de abandono (pichações, infiltrações e rachaduras), com a recente revitalização da área, contraste com a beleza do entorno. Considerado um dos símbolos do estilo art déco, incluindo interbna escada caracol em ferro (marcas atualmente só vistas nas fachadas e janelas do edifício fechado), 22 andares, 102 metros de altura (pouco mais baixo que o Edifício Martinelli, em São Paulo), construído em estrutura de cimento armado /grande avanço para a época/.... Do mirante do último andar, avistavam-se a Barra da Tijuca e a Serra dos Órgãos. --- Ideia de reforma em 2010, porém gradativamente esvaziado desde 2012 - sem energia elétrica. Arquitetura moderna foi ali gerada: durante anos, na década de 30, abrigou tamb´´em o escritório de Lúcio Costa e Gregori Warchavchik, recebendo o estagiário Oscar Niemeyer - a art déco e o modernismo não eram inimigos e sim duas vertentes ditas "modernas". - Ainda joia a ser recuperada, segundo arquitetos e urbanistas, valioso do ponto de vista cultural. Tombado (?) pelo IPHAN em 2913. --- Venda do prédio anunciada em 2016 - hotel ou residencial de luxo?

Igreja de N. S. do Carmo - Construída em 1761, em 1808 passou a Catedral da cidade - sete altares de grande beleza.

Igreja da Ordem Terceira do Carmo - Construída em 1754, bela fachada de pedra do Rio colonial.

Igreja de Santa Luzia - Antes mesmo da fundação da cidade, o navegador Fernão de Magalhães (que dera volta ao mundo) apontou em 1519 na praia de Santa Luzia, hoje inexistente, e teria erguido uma capelinha (local aterrado com o desmonte do Morro do Castelo), no dia 13 de dezembro, data dedicada à santa.

Ministério do Trabalho - Anterior, edificado na área do Morro do Castelo (demolido entre 1920 e 1922) - este, construído durante o Estado Novo, entre 1937 e 1945, com fachada austera.

Museu Histórico Nacional - O espaço abrigara o Forte de São Tiago da Misericórdia em 1603 e depois a Prisão do Calabouço, escravagista, para prender e castigar cativos; a Casa do Trem em 1762; depósito de trem para artilharia, o Arsenal de Guerra em 1764; e em Quartel em 1835 - possui ainda m pátio de canhões e grande mostra filatélica (de selos) da América Latina. Frente azulejada. --- Maior acervo nacional de relíquias dos primeiros séculos de colonização do Reino e do Império - museu a partir de 1922, Centenário da Independência.

Museu da Imagem e do Som - Pavilhão também construído em 1922 para a Exposição do Centenário da independência.

Paço Imperial ou dos Vice-Reis - Construído em 1743 para residência dos governadores, junto ao mar e quase em frente ao mais procurado ambarcadouro da época. Nele, o administrador Gomes Freire de Andrade residiu até a morte, em 1782, depois residência dos vice-reis até 1808, com a chegada da Corte Portuguesa.

Palácio Tiradentes - Construído em 1922 onde existia a cadeia pública de onde Tiradentes saiu para a forca - hoje, o prédio abriga a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Santa Casa da Misericórdia - Primeiro hospital da cidade, atual prédio datado de 1840 - no interior, uma capela e o Museu da Farmácia.

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3---Em 1567, o Morro do Castelo foi muito importante para defesa da cidade, mas em 1922, brejos e lagoas já aterrados, tornou-se um problema para o desenvolvimento da cidade e começou a ser derrubado - outro "ponha-se na rua" para os moradores, como no PR do tempo de Dom João... Após o desmonte, no local, foram construídos prédios e abertas ruas e avenidas, a terra retirada servindo para aterrar vários trechos urbanos - pretexto de higienização e necessário embelezamento à europeia. Região valorizada e (já naquele tempo!) corrupção das elites dirigentes, nepotizando contratos de mão de obra em família.

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FONTES parciais:

"Passado e presente: o tesouro que o tempo preservou" - "Edifício A Noite, o ostracismo perto do fim" - Rio, jornal O GLOBO, 1/3/14 e 20/5/18 // Onisciente filme-documentário "O desmonte do monte", aspecto de aula de patrimônio histórica e justiça social, super pesquisa iconográfica (mapas, fotos, artigos jornalísicos e charges humorísticas), de Sinai Sganzerla, 2018.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 05/08/2018
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