Trilhando um amargo sonho

Cansado. Rastejava-se pelas ruas. Sem entender ao certo por qual caminho estava levando seu corpo. Perdido.

Domingo, recebeu a notícia de sua vida. Poderia, finalmente, trilhar o caminho que tanto sonhara.

Segunda-feira, tudo começou. Estava animado, andava com altivez. O que poderia dar errado? E ainda que assim acontecesse, a alegria que preenchia seu coração era suficiente para continuar.

Terça-feira, as condições daquele lugar que mal começara a frequentar tentavam elidir seu ânimo, mas havia aspectos que não o permitiam desistir. A situação financeira começou a apertar.

Quarta-feira, começou a trabalhar. Enquanto levava seu sonho, bater ponto às 8 da manhã não lhe parecia uma missão difícil de encarar. O corpo estava dolorido. Os pés amassados.

Quinta-feira, os testes e afazeres começaram o pressionar naquilo que tanto desejara. O trabalho cobrava. Seu horário de almoço passou a ser luxo. Seu corpo começava a não acompanhar. Suas costas travaram. Mas faltava pouco, levaria até o final.

Sexta-feira, a vontade de frequentar seu objetivo não vivia forte dentro de si. A ideia de apenas ficar em casa lhe batia forte. Chocava-se contra seus ideais, tudo aquilo que o planejara. Não queria mais levantar de sua cama de manhã para trabalhar. O dinheiro já não lhe supria. Os remédios eram caros. Mas faltava tão pouco.

Sábado. Poderia, enfim, descansar. Mas seu corpo já não andava como devia. Então, rastejava-se. Sem saber ao certo qual caminho trilhar. Sem a mente no lugar que deveria estar. Sem o coração com a paz que deveria ali habitar. Perdido. Apenas continuava se agarrando nas coisas para seguir, de algum modo, até, finalmente, conquistar seu sonho.