JESUS CRISTO. CENTRO DA UNIVERSALIDADE.
"Não nasceu, portanto, o Cristo, para buscar ou tratar de particularidades pelo simples motivo de que é o centro da universalidade. Sua natalidade teve base em sua universal dimensão, pelo particular atingiu o universal, assim fazendo foi piedoso e generoso com alguns, particularmente, para refletir para todos.
Neste espaço sem fronteiras onde fala a todos em universalidade e para os tempos que se seguiriam após sua morte, para a posteridade, nasce a obra prima de Deus pelos lábios de seu filho, o Cristo, a demonstrar a vivência híbrida, em dualidade, material e espiritual, com seus desdobramentos na terra pelo ser humano, a indicar que a matéria é eterna em todas as possibilidades perenizadas de transformação, mas o espírito é um só.
Surge, eclode para o mundo, ecoa em todo o planeta na ampulheta do tempo a sonante e prodigiosa inteligência do maior tribuno de todas as épocas, um tratado de vida que Mahatma Gandhi, o grande pacifista, afirmou que se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido. Tudo por haver um só fundamento na mensagem como um todo: o amor. Nasce dos lábios de Deus por seu Filho “O Sermão da Montanha”.
Com o povo atento que ouvia sob encantamento sua palavra, Jesus subiu num monte vendo a multidão e, sentando-se, Dele se aproximaram as testemunhas que seriam privilegiadas pelos maiores ensinamentos já ministrados, concentração de dogmas e princípios deixados ao entendimento e compreensão dos homens, permanecendo para o acatamento de todos as verdades dogmáticas encerradas no monumental “Sermão da Montanha” que abaixo consideraremos.
Era a mais completa suma, síntese de como devia viver o homem em grupo para alcançar a felicidade terrena possível, vivendo em paz uns com os outros e merecendo assim um outro espaço, a vida incorpórea eterna, onde não mais existiriam dor, sofrimento e morte.
Pelo “Sermão da Montanha” fica claríssimo e sem contraditórios aceitáveis que Jesus Cristo foi o mais sábio Espírito habitante do planeta na forma humana (inteligência, cultura e moral). Possuía comunicabilidade com forma que atingia a todos, o que se vê ainda nos dias atuais. Ensinava com plenitude de conteúdo nas parábolas, nos sermões, nas curas, nos diálogos tanto quanto nos atos e gestos. Proferia ensinamentos e procedia em seu perfil ritualístico, singelo e profundo, calcado e sustentado no sagrado ministério do exemplo antes de tudo. Retirar a torpe materialidade humana, desmaterializando o homem, humanizando-o e espiritualizando-o foi seu maior objetivo. Sua pregação moral de amor ao próximo desmascara o orgulho, repele a vaidade, expulsa o egoísmo, dando-nos esperança, coragem, fé e alegria de viver. O Sermão da Montanha é o ápice, o ponto mais alto dos valores humanos com os quais o convívio em geral alcançaria a paz e a felicidade ainda na breve passagem do ser humano sobre o planeta.
Não vamos nesta reflexão defender a existência do Cristo como pessoa, ser humano, homem filho de Deus que esteve entre nós, o que ainda encontra resistências, embora já afastadas definitivamente, como deixa certo o que o judeu Flávio José autentica em sua obra sobre o personagem existente e pouco célebre, comum em sua época, Jesus Cristo. A prova mais contundente e sem condições de oposição da passagem terrena do Cristo não vem de textos formais, também acatados cientificamente, mas da conduta e atitude de seus opositores. Pagãos e judeus, ainda que guerreiros contra o cristianismo, em nenhuma hipótese colocaram em dúvida a existência do Cristo.
Essa verdade, a realidade ou não de Jesus, sua existência histórica, hoje superada, sua morte na cruz e a breve vida pública, foram atestadas e autenticadas, definitivamente, pelo judeu latino Flávio José, como referido. Escreveu ele em 77/78 de nossa era em “A Guerra Judia”, “La Guerre Juive”, a passageira popularidade de Cristo e sua morte na cruz. Somente o registro foi feito sem haver nenhuma importância para o personagem. Jesus era quase uma sombra, um personagem desimportante para a história da época, daí a falta de vestígios. Restaura-se assim a existência de Jesus, em parte por força do descobrimento de documentos como os “Pseudo-epígrafos do Velho Testamento”, os “Códices de Nag Hammadi” encontrados no Alto Egito em 1945, onde pontifica Flávio Josefo.
Flavio José, conhecido também como Flávio Josefo ou Josefo, foi contemporâneo de Cristo, viveu até 98 d.C. É considerado um dos melhores historiadores antigos. Suas obras sobre o povo judeu são preciosidades históricas da vida helênica no primeiro século. Em seu livro, "Antiguidades Judaicas", ele faz algumas referências a Jesus. Em uma delas, ele escreve:
"Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio, que praticou boas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulos pregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu a eles três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messias previsto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas" (Josefo, "Antiguidades Judaicas").
No século XIX, alguns sem base lógica chegaram à tola conclusão de que Jesus nunca existiu, isto sem qualquer viabilidade probatória escorada em prova convincente.
Nem mesmo pretensos fortes oponentes como inserido em “The Jesus Seminar", têm a coragem de contradizer a existência histórica de Jesus Cristo, diante dos muitos documentos que autenticam sua presença no planeta como pessoa. Negar a passagem de Jesus pela terra hoje é ser obscurantista e fundamentalista do nada, patinar sem condições de não cair na indiferença.
Apesar da pletora de provas sobre a existência do Cristo, formidável e intensa história formal, muitos se acercam da leviandade motivados pelo despreparo e nenhuma seriedade científica, fazendo afirmações absurdas, conflitantes com a ciência histórica. Há fortíssimo posicionamento preconceituoso e parcial no tratamento dos documentos cristãos históricos. Incomoda a esses incautos da responsabilidade de dados o fato dos testemunhos históricos sobre a existência de Jesus serem de cunho religioso, o que já coloca sob suspeita as considerações primárias sobre o personagem e sua existência.
O facciosismo religioso se faz presente nessas investidas desmedidas e de tom unilateral, esquecidos seus adeptos de que história é ciência formal e precisa, fundada em pesquisa séria e documentação analisada e oficializada pelo prestígio dos investigadores, aceitos e reconhecidos pelo meio acadêmico.
Também de sua sentença de morte com doze testemunhas e pormenores a observar, dá noticia cópia autêntica que se encontra no Museu da Espanha, proferida por Pôncio Pilatos, de texto alongado. Trancrevemos partes: “No ano dezenove de Tibério Cezar, Imperador Romano de todo o mundo, Monarca Invencível na Olimpíada cento e vinte e um e na Elíada vinte e quatro, da criação do mundo, segundo o número e cômputo dos hebreus, quatro mil cento e oitenta e sete do primogênito do Romano Império...sendo governador da Judéia Quinto Sérgio...e governador da cidade de Jerusalém Presidente Gratíssimo Pôncio Pilatos.... eu Pôncio Pilatos.. julgo condeno e sentencio à morte, Jesus, chamado pela plebe Cristo Nazareno,..... Determino e ordeno por esta que se lhe dê morte na cruz, sendo pregado cravos como todos os réus...porque congregando e ajustando homens, ricos e pobres, não tem cessado de promover tumultos por toda a Judéia dizendo-se filho de Deus e rei de Israel...Que seja ligado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros para que sirva de exemplo aos malfeitores.......saindo logo hoje pela porta sagrada Antoniana e que se conduza Jesus ao monte público da justiça chamado Calvário, onde, crucificado e morto ficará seu corpo na Cruz, e que sobre a cruz se ponha esse título IESUS NAZARENUS REX IUDEORUM.”
Qual o fundamento desse título além do deboche, já referido?
Indicava o substrato da sentença, como se diz na ciência do direito, a reserva legal. O título sinalizava o delito, o crime cometido e qual a legislação aplicada, no “Caso de Jesus” foi a “Lei Maiestate”, legislação anterior a Júlio Cezar e a Augusto, punitiva com a pena capital, morte, por máxima traição ao Estado. Como já considerado ao inicio, Jesus foi sentenciado politicamente, por sedição, revolta, enfrentamento e incentivo à rebelião contra o Império Romano, na forma da decisão em parte transcrita.
Conforme se extrai dos termos da condenação, este o martírio sem igual ocorrido na humanidade testemunhado pela resignação do silêncio, o silêncio que ecoou vibrando para o mundo com sonorização nunca vista, eloquente no exemplo, didático na disciplina da entrega ao bem maior que coloriu para sempre a humanidade com as tintas da esperança, que esmaecem a cada dificuldade mas nunca se apagam."
Do meu livro, "A Inteligência de Cristo".