"SUDESTINO"
Não me lembro da vez que eu ouvi alguém "voar para o sudeste", mas com certeza eu nunca ouvi falar em "sudestino". Isso é sintomático da origem dos discursos (ou das televisões, rádios, jornais, editoras, canais de YouTube). Das coisas que praticamos e replicamos sem perceber. Um desconto deve ser dado, o Sudeste é um jovem, um jovem de 49 anos.
Será que dos mesmos criadores da pessoa que diz "não ter sotaque", atribuindo sotaque a outras regiões do Brasil e, não satisfeita, acusa existência (pasme!) do "sotaque português"? Que auto-estima da porra.
É bem verdade que não existe "centro-oestino". "Nortista" é pouco usado e, quando usado, é sinônimo de "nordestino". Existe "sulista".
Entre 1913 e 1940, quem viajasse para a Bahia estaria indo para a “região oriental” do país. O É o tchan já o notara em “Ariga Tchan” (1998). Se bem que o mesmo para o Rio, que pertencia à mesma região. Até 1945, ainda viajaríamos para o “este”, ainda que não mais com o Rio. O Nordeste já existia desde 1940, mas incluía poucos estados e mais tarde era dividido em oriental e ocidental.
Depois dessa época, o Centro perdia Minas, mas ganhava o “oeste” – apenas no nome. Em 45, São Paulo ainda era Sul. Só 1969, as regiões ganharam a forma mais atual. Com pequenas mudanças, como o Tocantins, na tríplice fronteira das regiões, no “coração” do país (de verdade!, um pouco à esquerda no peito do gigante eternamente adormecido ou “deitado em berço esplêndido”).
A Região Sudeste finalmente surgiu, agrupando estados que sempre foram de outras regiões.