Sentir
Era um coração aventureiro, sonhador, era feito um jardim sem muro, uma criança, que se encantava com as flores, com as borboletas, sempre exposto ao tempo, ousado, de uma alegria contagiante, se jogava às tempestades com olhos fechados, ia e vinha sem medo, sempre acreditando em tudo, até que, o tempo foi passando, passando, passando, ele foi se cansando, começou à olhar para trás, passou à fazer a retrospectiva dos seus rastros, os seus olhos já enxergavam tão melhor a sua trajetória e foi assim que descobriu aonde queria chegar, e chegou. Ele, um velho coração, que havia se desprendido de quase todas as emoções ruins e de todas as infelizes recordações, sentiu uma estranha sensação de força interior, arrancou todos os remendos, e sentiu intenso por fim o sentido do verdadeiro amor. Concluiu satisfeito que a felicidade se vive, não se escreve, e que certas emoções e algumas certezas, superam qualquer tristeza. Felicidade é só sentir... Sentir um novo gosto de estar e ser, de ser parte dum mundo que foi feito com cada pedaço de tudo que faz parte de si mesmo e daqueles que lhe cercam dia após dia e que estarão unidos até o fim de suas vidas, eis o valor verdadeiro da vida e do amor. Agora ele estava sossegado dentro do peito, consciente, reservado, fechado, mas, muito satisfeito.
Liduina do Nascimento
Liduina do Nascimento
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