Porco tem alma?

De antemão peço perdão se as próximas linhas revelarem palavras revestidas de certo sarcasmo e já confesso que este que escreve não entende muito de almas e espíritos. Acontece que é notório e de amplo conhecimento que o mercadão do Parque Dom Pedro ou simplesmente Cantareira é lugar tradicionalmente turístico, Arquitetura Decó predominante e impregnado de odores e aromas de pimenta a frutos do mar, iguarias e quitutes de toda ordem, o que motiva pessoas de todos os tipos e lugares a frequenta-lo. Este que escreve, também.

 

Dentre tantos corredores repletos de quiosques e bancas há muitos que servem quitutes, cervejas e cafés. É um convite tentador para uma pausa, não deixe de experimentar o pastel de bacalhau!! Num desses quiosques, ao saborear cervejas e beliscos, pude observar graúdos pernis de porcos dependurados envoltos em embalagens de plástico colorido na banca logo à frente. Haviam embalagens verdes, vermelhas e também amarelas. A cor aqui é o que menos importa, contei vinte  oito pernis bem servidos nas bancas vizinhas. Tal fato se repetia com pedaços e mais pedaços de suínos em exposição. Inferi que nesta banca havia ao menos quatorze porcos, sim, quatorze! Pois cada porco têm duas patas traseiras, portando seriam, no mínimo quatorze.

 

Uma dúvida inusitada surgiu: PORCO TEM ALMA? Pessoas também são bichos e as têm... talvez porcos também tivessem direito a uma. Sendo hipoteticamente certo que tais bichos ungulados têm alma, significa dizer que certamente suas almas estão perdidas pelos corredores do mercado e que em sendo assim, o local é mal assombrado.

 

Tal conclusão  - sobre a condição de alma penada destes suínos - reside no fato de que, pelo que sei, porcos não são velados. Abatidos vão ao mercado sem que suas almas sejam encomendadas ao paraíso. Ainda sobre a questão dessas almas - sendo isso verdadeiro - tais espíritos flutuam pelo mercadão à procura de seus donos. Então a coisa complica. Para evitar tal fato seria necessário introduzir, na cadeia produtiva de carne de porco, um departamento para enviar almas de porcos para o alem. Procedimento que certamente teria que ser replicado para outras fontes de proteína animal. Um elo a mais na cadeia produtiva, o que encareceria o preço da mercadoria. Um sacrifício para o já combalido bolso do consumidor.

 

Porém, enquanto isso não faz parte desse mercado, fica a dica: Toda vês que preparares pratos com carne suína, acenda uma vela antes e mande para longe o espírito de porco. De resto... imagino que a cerveja foi excessiva !

 

Gladyston Costa

Gladyston Costa
Enviado por Gladyston Costa em 02/08/2018
Reeditado em 07/12/2021
Código do texto: T6407401
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