UMA EXAGERADA DOSE DIÁRIA DE OTIMISMO
Todos nós convivemos com situações em que experimentamos bons e maus momentos. Isso é algo impossível de se mudar na natureza humana e na vida em sociedade. Entretanto, algumas pessoas conseguem conciliar com facilidade essas alternâncias e, com isso, não sobrecarregam o dia a dia com angústias, amarguras, tristezas e estresses.
Não se faz necessário elencarmos aqui nossos deveres diários para "tocarmos" nossas vidas, até porque pouquíssimos de nós usufrui de condições diferenciadas que proporcionam maior leveza na condução do suposto fardo que portamos desde que nos libertamos de nossos genitores e iniciamos nossa "jornada como caravaneiros pelos intérminos caminhos de Alá."
Tem sido constante nossa reflexão sobre o fato de que encontramos e convivemos com indivíduos que carregam consigo os mais diversos problemas nas órbitas familiares, financeiras e de saúde. O que nos chama atenção é forma distinta como cada um enfrenta as adversidades.
Existe um ditado, ou expressão popular, que nos sugere quando quisermos reclamar de alguma coisa olhar para trás pois sempre encontraremos alguém em situação semelhante ou pior. Isto pode mesmo ser uma realidade. Entretanto, ao invés de somente olhar para trás, convém observar do nosso lado a maneira como pessoas desprovidas de quase tudo acordam sorrindo e nos passam tanta alegria que transformam nossos dias, afastando a tristeza e nos enchendo de energias positivas.
Certa vez participei de um evento em que o palestrante falava incansavelmente sobre os efeitos do otimismo em nosso cotidiano e principalmente em nossos trabalhos. Saí daquele encontro sem dar o devido apreço àquela fala. Contudo, hoje, percebo que é mais fácil exercitarmos nossos compromissos rotineiros com otimismo.
Certamente muitos de nossos leitores vão discordar de nossa opinião e vão asseverar que o segredo da felicidade, da alegria e do viver bem não está no otimismo e sim na fé. E é uma afirmação corretíssima. Principalmente se partirmos do princípio que fé é sinônimo de confiança. No entanto, não vamos desenvolver nosso raciocínio baseado na fé pelo fato de que existem diversos tipos e formas de se ter fé e, convém ao bom senso, não polemizar e não caminhar nesse campo minado onde cada um defende seu território.
Pensem conosco: pode ser que, apesar de enfrentar todas as adversidades, o indivíduo tenha desenvolvido um grande senso de gratidão pela vida e pelas pequenas coisas que porta consigo, e talvez esta mesma gratidão o faz olhar pra frente e encarar novos desafios com otimismo, irradiando alegria e bom humor.
Inegavelmente, quando adentramos em um ambiente onde as pessoas estão bem humoradas, solícitas e receptivas, mesmo que estejamos aflitos e angustiados, sentimos vibração positiva e minimizamos nossos sofrimentos. Ao contrário, mesmo que estejamos de bem com a vida, mas nos deparamos com situações onde impera o mau humor, tudo se transforma. Não é atoa que empresas investem milhões em treinamentos onde se estimulam o otimismo, a alegria e a boa convivência entre colaboradores e destes com clientes.
Claro que o otimismo, o bom humor e a alegria contagiantes não constituem soluções para todos os problemas. Evidentemente, precisamos estar sempre bem, mas devemos observar o que nos causa angústias e os mais diversos aborrecimentos. Sabemos que se trata de uma tarefa muito complicada, mas talvez ao invés de buscarmos com tanta volúpia a felicidade pode ser mais fácil encontrarmos o que nos torna infelizes.
Graças as nossas conversas informais com amigos, familiares e colegas de trabalho, percebemos, empiricamente, que a maior causa das tristezas, angústias e estresses na sociedade em que vivemos são as questões de cunho financeiro. Isso se deve, conforme pudemos observar, a dois fatores principais e conexos: inconformismo e consumismo. O primeiro, pelo fato de que o indivíduo não se contenta em "levar a vida" que suas possibilidades permitem, e o segundo pelo fato de consumir além do que pode numa tentativa de inserção num patamar mais elevado da sociedade, como por exemplo: ter um carro melhor, morar numa casa mais confortável, num bairro mais elitizado etc.. Ou seja: o inconformismo nos conduz ao consumismo.
Não pretendemos fazer aqui uma defesa da estagnação. Não cremos como se cria na idade média e, sobretudo, na filosofia da escolástica que os destinos dos seres humanos são traçados e vem num pacote adrede desde que habitamos o ventre materno. Pelo contrário, somos progressistas e acreditamos que nossa missão deve ser mudar nossa realidade e, consequentemente, mudar a de nossos familiares e de nossa comunidade.
Voltando aos fatores que cremos contribuir para nossa infelicidade, imaginamos que uma das formas de combatê-los é aplicarmos duas estratégias básicas: para questão do inconformismo, pode ser o melhor antídoto o otimismo exagerado. Acordar, agradecer a Deus pelo dia que se inicia, pelo fato de abrir os olhos e ter mais uma oportunidade nesse planeta maravilhoso e sair de casa irradiando alegria e bom humor; trabalhar com seriedade e serenidade buscando atingir nossos objetivos de melhorias. Existe uma música, por sinal uma composição belíssima de Zeca Baleiro, de nome Telegrama, que retrata bem o otimismo. Faço questão de compartilhar com os amigos leitores o link: https://www.youtube.com/watch?v=jgD16_umTqk
No que se refere ao consumismo, trata-se uma questão um pouco mais complicada. Diariamente somos bombardeados por publicidades que trazem em seus conteúdos os mais sutis apelos para que possamos comprar e comprar cada vez mais, deixando claramente que só seremos felizes se tivermos os produtos e serviços que nos são oferecidos. Somos educados desde criança com estes conceitos pois os meios de comunicação, em especial a televisão, desempenha o papel de babá no mundo moderno. Além disso, temos também aquelas pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno psicológico, como os compradores compulsivos, mas nesse caso não aventuramos nenhum tipo de análise pois é uma seara para nós desconhecida.
Pensamos que a fórmula menos difícil e mais eficaz de enfrentarmos o problema do consumismo é a educação em dois sentidos: a familiar, onde os pais podem inserir na mente das crianças que só devemos comprar o que precisamos e com isso contribuir para que possamos aprender a discernir as mensagens comerciais e ideologias contidas nas publicidades e a outra, a educação financeira, que falta em nossas escolas. Através da educação financeira, o indivíduo cresce tendo a verdadeira noção de valor, daquilo que se pode e deve fazer com os recursos cada vez mais escassos. Ela nos permite criar uma pequena equação matemática que tem sido útil a muitas pessoas e que é assim traduzida: satisfação é igual o desejo dividido pela possibilidade. Assim a representação: S = D÷P. Ou seja, devemos adequar dentro de nossos orçamentos aquilo que podemos adquirir sem prejudicar outras áreas de nossa economia pessoal e/ou familiar.
Talvez fosse o momento de cobrarmos de nossos candidatos, aproveitando que estamos em ano de eleições, a possibilidade de se inserir nas grades curriculares de nossas escolas a disciplina Educação Financeira para formarmos uma sociedade consciente e que só consome o aquilo que realmente necessita.
Todas as tentativas de se melhorar nosso dia a dia são válidas. Quem sabe se tomarmos uma dose exagerada, diariamente, de otimismo não reduzimos o crescente número de vendas de ansiolíticos e antidepressivos? É uma reflexão a se fazer.
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