DEUS EXISTE

DEUS EXISTE

Fred Coelho

Cansei da vida chig-ling, basta aos óculos de dez reais de grau, aquilo ia me levar à cegueira em pouco tempo, resolvi ir lá na clínica Leirim de Andrade pelo SUS, de lá eu saia pra" Boris" e ponto final, óculos na medida certa e barato. Na entrada da clínica milhares de atravessadores pegando os pacientes na marra.

--eu tenho oftalmologista de graça _ gritava um.

Mas o SUS não é de graça? Pensei eu.

--não existe mais atendimento pelo SUS, agora só na Fundação, ali ao lado, a consulta é R$ 80,00 reais, comigo é de graça. Falou o atravessador.

Esse é a porra do Brasil, acabaram com o atendimento aos pobres e os médicos juntos dos atravessadores acabam de matar o falido pobre. Depois obrigam os menos favorecidos a comprar um óculos numa clínica marcada. Pensei eu. Vou fazer a consulta na fundação, pego o resultado compro uma armação no beco da poeira de sessentinha e mando fazer o óculos na Boris, pronto, vai ser assim. No lugar de eu gastar quinhentos vou gastar duzentos, é isso. Além que uma consulta de graça é uma merda de consulta, e a paga feita na fundação pelos jovens médicos é bem melhor.

Quando cheguei lá peguei a senha e esperei duas horas, fui chamado por uma atendente que ia colocar colírio para dilatar a pupila, ela me falou..

--o senhor está só?!

Pausa......

--o senhor está só? Perguntou de novo

-- bem, é é é.... Pensei eu

--cidadão, o senhor veio só, ou está acompanhado? Perguntou em tom áspero, acho que pela última vez, pensei eu.

-- bem, vamos dizer quê, não não, eu estou acompanhado sim, e pra dizer à verdade, muito bem acompanhado. Falei eu quase gritando.

--tá bom então, vamos dilatar sua pupila. Falou ela agora sorrindo.

Depois da consulta, isso durou uns quarenta minutos, eu saí do consultório enxergando muito pouco pela rua. Via muito pouco, não podia chamar o UBER, a coisa tava preta.

Falei baixinho então...

-- bem Senhor, agora é com o Senhor, eu falei que estava acompanhado do Senhor, agora dê seus pulinhos aí. Por favor.

Quando um carro para à minha frente, o vidro se abre e o cara fala

--Fredim

Era o Flávio, um amigo, só ele me chama de Fredim.

--oi Flavio, como é que tá cara?

--legal, legal, legal, tá indo pra onde? Falou o Flávio.

--pra casa, pra minha casa. Falei

--entra aí cara, eu te deixo lá.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 01/08/2018
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